O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse nesta sexta-feira, 20, ter ficado surpreso com a superficialidade do diagnóstico feito pela presidente Dilma Rousseff em relação ao escândalo de corrupção na Petrobras. Segundo Dilma, se os envolvidos tivessem sido investigados e punidos na década de 90, no governo Fernando Henrique Cardoso, um funcionário não teria permanecido 20 anos na estatal "praticando atos de corrupção".
"Tem uma dose de desespero porque o governo perdeu o controle sobre o processo, mas as coisas vão surgir. Não há como segurar isso", afirmou Aécio, em entrevista coletiva no Senado com integrantes do PSDB.
O tucano condenou o que considera institucionalização da corrupção na Petrobras em nome de um projeto de poder. "A presidente zomba da inteligência dos brasileiros", disse Aécio, falando do sentimento de frustração e indignação dos que votaram na petista na eleição do ano passado. "Dilma errou em seu comportamento ético", completou.
Aécio Neves disse que Dilma dá crédito às declarações do ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco. O ex-funcionário da estatal admitiu, em delação premiada, que desde o governo FHC há corrupção na estatal e ainda revelou que houve uma transferência de US$ 200 milhões de recursos desviados da Petrobras para o Partido dos Trabalhadores. O PT nega.
Na avaliação do tucano, o discurso da presidente já sofre a influência de seu marqueteiro de campanha, João Santana. Aécio fez questão de ressaltar que Dilma estava em silêncio havia dois meses depois de o governo dela ter tomado medidas impopulares que negavam o que a própria petista dizia na campanha eleitoral.