"Recorrerem a um ex-presidente como se o Brasil fosse uma republiqueta onde a interferência política pudesse mudar o rumo de investigações é desconhecer a realidade de um país que, se não avançou nos seus procedimentos éticos em razão do que aconteceu nos últimos 12 anos, felizmente avançou do ponto de vista da solidez das instituições", afirmou Aécio, em entrevista coletiva no Senado.
Ao contrário do que defenderam esta manhã outros integrantes da oposição, o presidente do PSDB descartou, em um primeiro momento, um eventual pedido de ida do ex-presidente a CPI da Petrobras que será instalada na próxima semana. Aécio disse que não vai tomar uma "iniciativa individual" na direção de chamar Lula para depor na CPI, embora tenha ressaltado que a comissão tem de estar aberta a "todas as possibilidades".
O tucano disse que o PSDB vai atuar em conjunto com os partidos de oposição na CPI, sob a coordenação do líder da bancada na Câmara, Carlos Sampaio. Ele ressalvou que é preciso ter uma estratégia bem traçada. "Como vocês sabem, nós somos minoria na comissão e não temos os postos de comando, mas nós certamente podemos, amparado, na realidade dos fatos e com a opinião pública, fazer com que esta CPI efetivamente funcione", disse.
CPI
Logo após a declaração de Aécio, Carlos Sampaio explicou a tática da oposição na CPI. A intenção é apresentar logo no início dos trabalhos pedidos de quebras de sigilo bancário, telefônico e fiscal e de convocação dos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci, do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, do ex-gerente de Engenharia Pedro Barusco, entre outras pessoas. Também defendeu a criação de três sub-relatorias - uma de Sistematização, outra Operacional e uma terceira sobre o Núcleo Político - com o objetivo de aprofundar as investigações.
Para justificar a criação de sub-relatorias, o líder do PSDB disse que as CPIs que funcionaram para valer no Congresso, como a dos Correios e a dos Sanguessugas, que investigou o mensalão, se valeram desse expediente.
Segundo ele, ainda não há uma "conexão direta" de que ele está interferindo politicamente no processo, uma vez que Lula negou ter recebido as empreiteiras envolvidas na Lava Jato. Foi o sócio do ex-presidente Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, quem confirmou ao jornal as tratativas com emissários de envolvidos na operação. "Se tivermos uma ligação que ele (Lula) está tentando fazer alguma conexão política, aí é o momento para ele depor", disse..