O Ministério das Relações Exteriores da Indonésia chamou o embaixador brasileiro em Jacarta, Paulo Soares, para consultas, depois da decisão da presidente Dilma Rousseff de não aceitar as credenciais do embaixador da Indonésia em Brasília, Toto Ryianto na cerimônia da manhã desta sexta-feira. O governo da Indonésia também chamou seu embaixador de volta a Jacarta até que o governo brasileiro marque uma data para que ele apresente suas credenciais e classificou, em nota, de "inaceitável" o tratamento dado ao diplomata pelo governo brasileiro. O Itamaraty não comentou a decisão da Indonésia.
"A maneira com que o ministro das relações exteriores do Brasil subitamente informou ao embaixador designado sobre o adiamento da entrega de suas credenciais, quando o embaixador já estava no palácio presidencial, é inaceitável para o governo da Indonésia" diz o texto. A nota diz ainda que a Indonésia é um Estado soberano, com um "sistema judiciário independente e imparcial, e nenhum país estrangeiro pode interferir na aplicação das suas leis dentro da sua jurisdição, incluindo a aplicação das leis que tratam do tráfico de drogas".
Ryianto, que está no Brasil desde novembro do ano passado, era o primeiro da lista de seis embaixadores que apresentariam suas credenciais hoje. Ao conferir a lista, no entanto, a presidente Dilma Rousseff decidiu não recebê-lo. O embaixador já estava no Palácio do Planalto quando foi informado por Mauro Vieira de que suas credenciais não seriam recebidas.
"Nós achamos importante que haja uma evolução na situação para que a gente tenha clareza em que condições estão as relações da Indonésia com o Brasil. O que nós fizemos foi atrasar um pouco o recebimento das credenciais. Nada mais do que isso", afirmou a presidente Dilma ao final da cerimônia em que recebeu outros cinco embaixadores. Esse é o segundo gesto diplomático duro que o Brasil faz com a Indonésia. Há um mês, quando outro brasileiro preso no país, Marcos Archer, foi fuzilado, o País retirou seu embaixador em Jacarta por cerca de 10 dias. Não receber as credenciais, no entanto, não é algo comum e não há precedentes recentes no Itamaraty.