A derrubada do veto da presidente pode representar um grande desgaste para o Planalto, que nesta semana já escalou vários ministros para discutir a mudança com parlamentares. O governo tentará sensibilizar sua base de apoio argumentando que um reajuste maior fragilizaria o esforço do governo para reduzir os gastos públicos.
Na prática, o uso de um índice menor fará com que pessoas que ficariam isentas continuem pagando o Imposto de Renda e impedirá que contribuintes paguem um alíquota menor na tabela. O reajuste de 4,5% é considerado pequeno por sindicalistas e tributaristas, que criticam a manutenção da política de reajuste abaixo da inflação. Hoje, quem recebe até R$ 1.787 por mês está isento de pagar o imposto. Caso a correção seja de 6,5%, todos que recebem até R$ 1.903 não precisariam desembolsar nada com o Imposto de Renda. Com a correção de 4,5%, o salário máximo que isenta o trabalhador é de R$ 1.868. “A faixa mais prejudicada é a dos que perderão a isenção, mas a técnica usada pelo governo de não corrigir a tabela pelos índices da inflação impacta todos os cidadãos, que pagam mais impostos. Muitos que estavam em uma tabela mais baixa passam para uma faixa maior e, dessa forma, têm que desembolsar mais”, explica o advogado tributarista Janir Adir Moreira.
Um cidadão que recebe R$ 2,8 mil e não teve aumento salarial entre os anos de 2014 e 2015, por exemplo, está na terceira faixa da tabela de correção, com alíquota de 15%, e paga por mês R$ 335,03. Ele poderia passar para a segunda faixa caso fosse aprovada a correção de 6,5% e todas as faixas fossem reajustadas, o que reduziria sua alíquota para 7,5%, passando a desembolsar R$ 142,79, menos da metade do que desembolsa atualmente. Com o reajuste de 4,5%, esse cidadão se mantém na mesma faixa da tabela do Imposto de Renda..