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Estado de Minas

Tucanos rebatem declarações de Dilma sobre corrupção na Petrobras

Dilma atribui esquema de propina na estatal a falta de investigação durante o governo Fernando Henrique. Aécio e ex-presidente contestam, apontando tática infamante


postado em 21/02/2015 06:00 / atualizado em 21/02/2015 08:30

A declaração da presidente Dilma Rousseff de que se a corrupção tivesse sido investigada e punida durante os anos do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), a Petrobras não seria hoje alvo da Operação Lava-Jato provocou a reação dos tucanos. Ex-funcionário da estatal, Pedro Barusco afirmou, em delação, que começou a receber propina em 1997. “Quem cometeu malfeitos, quem participou de atos de corrupção vai ter de responder por eles. Essa é a regra no Brasil. Porque, você veja, a gente olhando os dados que vocês mesmos divulgam nos jornais: se em 1996, 1997 tivessem investigado e, naquele momento, punido, nós não teríamos um caso desses, um funcionário da Petrobras que ficou, durante mais de 10 anos, quase 20 anos, praticando atos de corrupção”, afirmou a presidente durante a primeira entrevista coletiva do seu segundo mandato. “A impunidade, isso eu disse durante toda a minha campanha, leva água para o moinho da corrupção, então, hoje eu acho que um passo foi dado no Brasil. E é esse passo que nós temos que olhar e valorizar”, afirmou Dilma. Para a petista, é preciso também esclarecer a “diferença entre as empresas e quem praticou corrupção.” “Para que se punam os culpados mas se preserve a geração de empregos no país”. Logo após a fala da presidente, o senador Aécio Neves (PSDB), em entrevista coletiva, e o ex-presidente Fernando Henrique, por meio de sua conta no Facebook, contestaram a fala de Dilma.


“A presidente reaparece, parecendo querer zombar da inteligência dos brasileiros ao atribuir o maior escândalo de corrupção da nossa história, patrocinado pelo governo do PT, a um governo de 15 anos atrás. Na verdade, parece que a presidente volta a viver no país da fantasia em que conduziu a sua campanha e que tanta decepção trouxe, inclusive aos seus eleitores”, disse Aécio. Segundo ele, as irregularidades na Petrobras aconteceram de “forma institucionalizada” e em benefício de um “projeto de poder”. O senador afirmou que seu partido não tem qualquer receio de investigação. “Era hora, de maneira muito franca, de a presidente da República fazer a sua ‘mea culpa’, olhar nos olhos dos brasileiros e dizer que o seu governo errou e errou muito. Errou na condução da economia, errou durante a campanha eleitoral ao pregar a mentira, o terrorismo como arma de campanha, e errou, principalmente, no seu comportamento ético”, declarou.

Fernando Henrique Cardoso, por sua vez, disse que a presidente usa a tática do batedor de carteira que rouba e grita “pega ladrão”. Ele também se referiu ao escândalo da Petrobras como petrolão, uma referência ao mensalão, que gerou a Ação Penal 470 e levou à condenação de diversos dirigentes do PT por compra de apoio no Congresso Nacional durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010). “Até agora, salvo lamentar o caráter de tsunami que a corrupção tomou no caso do ‘petrolão’, não adiantei opiniões sobre culpados ou responsáveis, à espera do resultado das investigações e do pronunciamento da Justiça. Uma vez que a própria presidente entrou na campanha de propaganda defensiva, aceitando a tática infamante da velha anedota do punguista que mete a mão no bolso da vítima, rouba e sai gritando ‘pega ladrão’, sou forçado a reagir”.

Segundo ele, Barusco disse em suas declarações à Justiça que a propina recebida antes de 2004 foi obtida em acordo direto entre ele e seu corruptor e que somente a partir do governo Lula se tornou sistemática. Ele lembrou que essa mesma afirmação foi feita por um empreiteiro da Setal Engenharia. “Como alguém sério pode responsabilizar meu governo pela conduta imprópria individual de um funcionário se nenhuma denúncia foi feita na época”, questionou o ex-presidente. Ele também rebateu a fala da presidente que defendeu a punição dos corruptores e não das empresas. “Não se trata de desvios de conduta individuais de funcionários da Petrobras, nem são eles, empregados, em sua maioria, os responsáveis. Trata-se de um processo sistemático que envolve os governos da presidente Dilma (que ademais foi presidente do Conselho de Administração da empresa e Ministra de Minas e Energia) e do ex- presidente Lula. Foram eles ou seus representantes na Petrobras que nomearam os diretores da empresa ora acusados de, em conluio com empreiteiras e, no caso do PT, com o tesoureiro do partido, desviar recursos em benefício próprio ou para cofres partidários”, afirmou Fernando Henrique Cardoso.


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