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Estado de Minas

Crise agrava relações de Brasil e Indonésia


postado em 22/02/2015 06:00 / atualizado em 22/02/2015 07:57

O governo da Indonésia protestou oficialmente contra a decisão da presidente Dilma Rousseff de se recusar, de última hora, a receber na sexta-feira as credenciais do novo embaixador indonésio no Brasil, Toto Riyanto. A posição de Dilma agravou a crise diplomática entre os dois países, iniciada com a execução, em janeiro, do brasileiro Marco Archer, condenado à morte por tráfico de drogas no país asiático. O Ministério das Relações Exteriores da Indonésia entregou ao embaixador do Brasil em Jacarta, Paulo Soares, uma nota formal de protesto. Antes disso, Riyanto já havia sido chamado de volta a Jacarta até que o governo brasileiro marque nova data para a entrega das credenciais. Na diplomacia, os gestos são considerados resposta dura.

A entrega da nota foi às 22h de sexta-feira. Inicialmente, o ato ocorreria às 10h de ontem, mas foi antecipado. No documento, o governo do país asiático afirma que não vai tolerar interferências em seus sistemas político e judiciário. Os representantes do Ministério das Relações Exteriores da Indonésia expuseram a Soares a indignação em relação à atitude de Dilma e ressaltaram que o embaixador brasileiro sempre foi bem tratado na Indonésia, ao contrário de Riyanto. “A maneira com que o ministro das Relações Exteriores do Brasil subitamente informou o embaixador designado sobre o adiamento da entrega de suas credenciais, quando o embaixador já estava no palácio presidencial, é inaceitável para o governo da Indonésia”, diz o comunicado.

A apresentação da credencial à presidente da República oficializa a representação do embaixador no país. A recusa em receber essa credencial é uma atitude sem precedentes na história recente do Brasil. Riyanto já estava no Palácio do Planalto quando foi informado pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, de que Dilma teria excluído seu nome da relação de embaixadores com quem se encontraria. Riyanto precisou sair pela porta lateral do palácio.

O impasse ocorreu no momento em que o governo brasileiro tenta negociar a transferência de Rodrigo Gularte, preso por tráfico de drogas e condenado à morte, da prisão para um hospital psiquiátrico. O governo tem pressa porque os dois processos – de fuzilamento e transferência – seguem paralelamente. A decisão de Dilma foi uma maneira de sinalizar, de forma dura, sobre o problema envolvendo Gularte.

As relações entre os dois países ficaram abaladas quando outro brasileiro, Marco Archer, também condenado por tráfico de drogas, foi fuzilado em janeiro. Os apelos do governo brasileiro contra a execução não foram levados em conta. A execução de Gularte e outros estrangeiros condenados à morte estava marcada para fevereiro, mas foi suspensa, ainda sem nova data. Se Gularte não conseguir a transferência, pode ser executado mesmo que o diagnóstico de doença mental esteja sendo analisado.


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