O empresário Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC Engenharia, é figura central de uma investigação da Polícia Federal, iniciada em novembro de 2014, sobre vazamento de informação sigilosa dentro da Operação Lava Jato.
O empresário da UTC, um executivo e um advogado do grupo e um "amigo" de nome "Rui" - mencionado em conversa telefônica e não identificado pelos policiais - estão entre os alvos desta apuração.
Um dia antes de ser deflagrada a sétima fase da Lava Jato, batizada de Operação Juízo Final - no dia 14 de novembro -, Pessoa e outros 10 investigados estavam com os telefones grampeados, com autorização da Justiça Federal.
Diálogos por telefone e mensagens trocadas entre os investigados levaram o setor de Inteligência da PF à conclusão que havia "indicativos concretos de vazamento". O caso passou a ser apurado e um diálogo, em especial, chamou atenção dos investigadores da Lava Jato.
Era 20h46, do dia 13 de novembro quando Pessoa fala com um dos diretores do grupo UTC Walmir Pinheiro Santana - também alvo da Lava Jato. Ambos estavam com os telefones monitorados pela PF:
"Olha, eu… é… saí daqui do encontro lá com o nosso amigo agora", diz Santana, para o presidente da UTC, que quis saber quem era o amigo: "Qual? O Rui?".
Santana confirmou: "É".
Os interlocutores combinaram se encontrar, em seguida, na casa de Santana, onde estaria também o advogado Renato Tai, que trabalha na UTC.
"É imprescindível lembrar que houve vazamento de informações a respeito da deflagração da 7ª fase da Operação Lava Jato que ocorrera na manhã do dia seguinte a esta ligação", registra a PF em seu relatório de informação sobre as escutas.
Vazamento
Faltava pouco mais de oito horas para que os policiais federais começassem a cumprir os mandatos de prisão da Operação Juízo Final.
A lista de prisões - primeira estocada da Lava Jato no coração do esquema de corrupção na Petrobras- trazia entre seus nomes o de Pessoa.
Minutos após ao diálogo (às 21h28), o advogado Tai liga para Pessoa e orienta o alvo a ler mensagens mandadas para ele no "vermelhinho" - trata-se de um telefone exclusivo para comunicação supostamente segura entre os envolvidos, registra a PF, em seu relatório.
"O que estão marcando amanhã cedo aqui?", questionou Pessoa, quando voltaram a falar por telefone.
"Procedimentos", avisa Tai.
O presidente da UTC pergunta ao advogado, então, se eram os "nossos colegas" que estavam "marcando procedimentos ou os outros?"
O advogado da UTC responde: "Os inimigos!". E acrescenta que a informação vem de "vários lugares".
Segundo os policiais, "não se trata de interceptação de diálogos entre advogado e cliente, mas sim diálogos que podem indicar o vazamento de procedimentos sigilosos, com violação de sigilo e seus reflexos na esfera criminal."