Oito advogados dos executivos da empreiteira OAS, alvos da Operação Lava-Jato, pediram nesta terça feira, à Justiça Federal no Paraná que determine novo depoimento do delegado Marcio Adriano Anselmo, da Polícia Federal, integrante da equipe que investiga o esquema de corrupção e propinas na Petrobras.
A defesa alega "possibilidade de edição completa dos arquivos" das escutas e seus conteúdos. Ela sustenta que os investigadores sabiam que entre os monitorados da Lava Jato que mantinham contato com o doleiro Alberto Youssef - personagem central das fraudes e desvios - estavam pelo menos dois ex-parlamentares, Luiz Argolo e André Vargas. Por isso, a defesa pede que a PF entregue os documentos originais das interceptações de comunicações pelo BlackBerry.
Seis dirigentes da OAS - entre eles Léo Pinheiro, número 1 da empreiteira - são réus da Lava Jato e estão presos desde 14 de novembro, quando foi deflagrada a Operação Juízo Final, sétima fase da Lava Jato que mirou o braço empresarial do cartel de empreiteiras instalado na Petrobrás.
"Vê-se claramente na documentação apresentada que ainda faltam dados essenciais para a análise da prova e sua cadeia de custódia, a começar pelos e-mails trocados entre a DICOR (Diretoria de Combate ao Crime Organizado da PF), em Brasília, e a RIM (operadora do BlackBerry) , no Canadá, os quais se requer desde já, em seu formato original para que se prove a absoluta ilegalidade no procedimento adotado", afirma a petição subscrita pelos criminalistas que compõem o núcleo de defesa da OAS.
Segundo os advogados, "o que há são impressões de encaminhamentos de e-mails entre a DICOR e a autoridade policial, que não provam nada e não garantem a integridade dos dados". A defesa da OAS diz que "já tem como certo" que houve edição dos arquivos.
Na petição, os criminalistas argumentam que o delegado da PF "afirmou com todas as letras que somente 'com a deflagração da operação, foi solicitado à Black Berry, através de seu escritório denominado 'RIM' no Canadá, que fornecesse todos os dados referentes ao cadastro dos interlocutores que tiveram contato com o alvo Alberto Youssef durante todo o monitoramento'".
Para os advogados, "não é crível que em relação ao deputado Luís Argôlo, por exemplo, a autoridade policial afirme que 'não foi possível durante o monitoramento identificar quem era o interlocutor' e que tal identificação somente teria ocorrido após a deflagração da Operação Lava Jato, em 17 de março de 2014, mais precisamente em maio de 2014.