Uma das preocupações apresentadas pelos três integrantes do Ministério Público Federal é que a CGU faça acordos que não contribuam para o avanço das investigações.
A reportagem apurou que os procuradores também temem a participação da CGU porque avaliam que pode ser de interesse do Executivo atuar para conter a crise, deixando ela restrita à Petrobras. O jornal O Estado de S. Paulo revelou que empresários têm procurado o ex-presidente Lula em conversas com tom de ameaça, caso os negócios sejam atingidos pelas investigações.
A empresas investigadas fizeram doações milionárias para partidos políticos da base governista. A intenção da Lava Jato, por outro lado, seria ir a fundo e descobrir desdobramentos das irregularidades em mais órgãos e empresas públicos, além da Petrobras. Essa divergência de objetivos teria sido o motivo para o MPF não aceitar trabalhar em conjunto com a CGU na elaboração dos acordos.
O grupo de Curitiba também disse aos integrantes do TCU que as delações premiadas com pessoas investigadas e o único acordo de leniência com empresa que já foi firmado até agora (com a Toyo) são os principais trunfos da Lava Jato. Segundo eles, foi a partir da colaboração de acusados com o MPF e com a Polícia Federal que foi possível avançar nas apurações. Eles temem que as empresas podem abandonar a colaboração com o MPF e preferir colaborar com a CGU, uma vez que é a controladoria que pode livrá-las, em um primeiro momento, de serem declaradas inidôneas e impedidas de fazer contratos com o poder público.
Além dos três procuradores de Curitiba, estavam na reunião o presidente do TCU, ministro Aroldo Cedraz, e os ministros do Tribunal de Contas Raimundo Carreiro, Benjamin Zymler, José Mucio e Vital do Rêgo. Participaram ainda os ministros substitutos Weder de Oliveira, Augusto Sherman e Marcos Bemquerer. Cinco dos seis membros do Ministério Público de Contas também estavam na sala de conferências do TCU na reunião que começou às 12 horas desta quarta-feira. À exceção de Cedraz, todos os presentes fizeram perguntas aos procuradores de Curitiba, mas os ministros não emitiram opinião. Integrantes do MP junto ao TCU (que já questionou formalmente a ação da CGU junto às empresas) apoiaram os procuradores..