"É inaceitável que, num momento em que a sociedade é penalizada com o aumento de impostos e alta nos preços, conceda-se esse privilégio aos parlamentares.
Além do PSDB, o PPS anunciou que abrirá mão das passagens destinadas aos companheiros e companheiras dos parlamentares. "Não tem sentido a Mesa autorizar que os parlamentares possam levar parentes para Brasília. Os deputados têm de fazer isso pagando de seu bolso, usando as milhagens que já recebem ou o próprio salário. Nada de onerar os contribuintes", disse em nota o vice-líder do PPS, Arnaldo Jordy (PA).
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que autorizou a concessão, afirmou que não pretende utilizar o benefício.
Regras
Na quarta-feira, 24, o presidente da Câmara anunciou um pacote de benefícios para os deputados que incluem reajuste da verba de gabinete, da cota parlamentar e do auxílio-moradia. As medidas representam custo adicional de R$ 112,8 milhões até o fim do ano e de R$ 150,3 milhões em 2016. Cunha diz que não haverá aumento de custos para a Casa, pois promoverá cortes de gastos em valor equivalente.
Após a polêmica gerada pelo anúncio do benefício, partidos e deputados começaram a anunciar nesta quinta-feira que vão abrir mão da concessão de passagem aérea para seus cônjuges pela cota parlamentar.
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), esclareceu que a concessão de passagens seguirá os mesmos critérios adotados pelo Itamaraty para conceder passaportes diplomáticos.
"Ninguém é obrigado a usar. Eu mesmo não vou usar", afirmou. "Estamos dando a possibilidade de o parlamentar, dentro de sua cota, sem qualquer aumento, utilizar. Tem parlamentares que precisam usar, inclusive, porque têm as esposas em Estados longe e precisam delas inclusive para sua locomoção pessoal", disse Cunha.
Os cônjuges dos parlamentares haviam perdido o direito a bilhetes aéreos financiados pela Câmara em 2009, após a revelação de que deputados e senadores usavam recursos do Congresso para pagar passagens para amigos e familiares viajarem no Brasil e no exterior, caso que ficou conhecido como "farra das passagens". Desde então, apenas parlamentares e assessores são permitidos em viagens oficiais.
"(Até 2009,) dentro da minha cota, usava o que quisesse. Podia dar passagem até pra cabo eleitoral", lembrou Cunha. "Quando você cortou isso, cortou tudo, inclusive as esposas. A gente está entendo agora que o 'tudo' foi exagerado naquele momento", disse o presidente da Casa.
Antes de Cunha se manifestar, o deputado Rubens Bueno (PPS-PR) disse que seu partido abriria mão das passagens aéreas para cônjuges.
O líder do PSOL, Chico Alencar (RJ), também disse que seu partido não utilizaria o benefício. "Isso está errado. Não vai na linha de austeridade (defendida no País atualmente)", disse Alencar, que ainda requereu ao presidente da Casa que questões como essas fossem discutidas no colégio de líderes, onde há participação de todos os partidos, e não nas reuniões da Mesa Diretora, da qual apenas a cúpula da Câmara participa..