O engenheiro Shinko Nakandakari, o primeiro dos 11 supostos operadores de propina na Diretoria de Serviços da Petrobras a fazer acordo de delação premiada, afirmou aos investigadores da Operação Lava Jato que entregou "dinheiro em espécie pessoalmente" a Renato Duque, ex-diretor da área entre 2004 e 2012.
O delator afirmou que a maior parte do dinheiro foi entregue para Pedro Barusco, então gerente de Engenharia da estatal petrolífera e braço direito de Duque - este foi levado ao cargo na cota do PT pelo ex-ministro José Dirceu, que nega a indicação.
Shinko Nakandakari disse aos investigadores da Lava Jato que entregou cerca de R$ 5 milhões de propina para Duque e para Barusco. O dinheiro foi destinado ao esquema de corrupção na Diretoria de Serviços, sendo a maior parte recebida por Barusco, também pessoalmente.
Um dos alvos da nova fase da Lava Jato, batizada de Operação My Way, Shinko afirmou que teve com Duque "alguns encontros". Com Barusco, a entrega de dinheiro vivo era mais frequente. Ele afirmou que o ex-gerente de Engenharia - que também confirma as propinas - lhe dizia que o dinheiro era repassado a Duque.
O delator afirmou que os pagamentos de propina na diretoria controlada pelo PT era sempre em parcelas, sendo que em alguns casos, foi paga em até seis vezes.
Em sua delação, em novembro de 2014, Barusco afirmou que recebeu valores em nome de Duque, inclusive em dinheiro vivo entregue a Duque dentro da diretoria de Serviços.
Barusco declarou que um dos operadores do suborno pago a Duque era Shinko, que "entregava pessoalmente o dinheiro em euros, reais ou dólares, sempre na quantia correspondente a aproximadamente R$ 100 mil". Ele disse que guardava o dinheiro em uma caixa em sua casa, "que era usado para pagamento de despesas pessoais e para fazer repasses a Renato Duque".
Shinko está incomodado com o papel que a força tarefa lhe atribui, de operador de propinas na Diretoria de Serviços. Ele disse que sempre foi um profissional da engenharia e que fez consultorias para a Galvão Engenharia, uma das 16 empresas do cartel alvo da Lava Jato, e também para a EIT.
Ele contou que "certo dia" a direção da empreiteira o chamou e pediu-lhe que "ajudasse" a empresa e levasse dinheiro para Barusco e Duque. Shinko disse que também fez "consultorias" para a empresa EIT e para a Contreras, esta da Argentina.
A Queiroz Galvão disse que os pagamentos feitos resultaram de prática de extorsão e concussão, conforme relatado às autoridades competentes. E acrescentou que o "sr. Shinko Nakandakari nunca foi funcionário da empresa".