Brasília- A Câmara instalou nesta quinta-feira a CPI da Petrobras com uma intensa defesa das doações de campanha recebidas por deputados que vão atuar na comissão de empresas envolvidas na Operação Lava-Jato, investigação da Polícia Federal que apura irregularidades na estatal.
"Não há como negar que o fato de ter recebido financiamento de determinada pessoa jurídica para sua campanha eleitoral e consequente conquista do mandato eletivo é causa de impedimento para que o parlamentar delibere qualquer matéria que trate diretamente sobre tal empresa", disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP), ao defender a troca dos membros da CPI nessa situação.
Parlamentares de outros partidos se posicionaram contra o requerimento de Valente, e o pedido foi indeferido. "Ter recebido recursos legais não me coloca na condição de advogado delas", afirmou Luiz Sérgio. "Acho que o objetivo de Valente é encerrar a CPI hoje", disse Silvio Costa (PSC-PE).
O líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), repudiou o que considerou tentativa de "criminalizar o que não é crime". "Todos os partidos receberam doações, talvez com exceção do PSOL. Dentro da lei não é fora da lei", disse Júlio Delgado (PSB-MG).
Valente contestou os colegas e disse que reapresentará o pedido ao plenário da Câmara e, após a divulgação da lista de investigados e indiciados da Procuradoria-Geral da República, pedirá ao Supremo Tribunal Federal que impeça eventuais citados de integrarem a CPI.
Táticas
Na segunda-feira, os membros da comissão começam a apresentar requerimentos. O PT vai pedir que a CPI amplie as investigações ao governo Fernando Henrique Cardoso. O PSDB tem como prioridade requerer a criação de três sub-relatorias, a fim de descentralizar a função de Luiz Sérgio. Fora isso, os tucanos querem convocar o ex-ministro José Dirceu e os ex-presidentes da estatal Graça Foster e José Sergio Gabrielli.