Rodrigo Janot revela que sua casa foi invadida em janeiro

Jorge Macedo - especial para o EM

Uberlândia – O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ontem que sua casa, em Brasília, foi arrombada e invadida no fim de janeiro e que desde então ele recebe relatórios do serviço de inteligência sobre sua segurança.

“Não sou uma pessoa assombrada. Mas alguns fatos concretos têm me levado a adotar regras de contenção”, disse ele em Uberlândia, Triângulo Mineiro, onde acompanhou um ato de repúdio ao atentado contra um promotor.

Segundo Janot, os ladrões ficaram oito minutos dentro do imóvel, onde havia uma pistola com três carregadores, máquina fotográfica e outros objetos de valor, mas levaram só o controle do portão. Um forte esquema de segurança cercava o prédio da OAB – local do evento – para receber Janot um dia após o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, ter revelado que a segurança do procurador-geral corre risco.

“Parece que aumentou um pouco o risco (à segurança dele)”, afirmou Janot. Para ele, entretanto, não há relação entre o aumento de risco à sua segurança e as investigações da Operação Lava-Jato, que apura atos de corrupção na Petrobras. Na semana que vem, ele vai apresentar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a lista de políticos envolvidos no esquema. Para o evento em Uberlândia, foram escalados 80 homens – entre eles, três atiradores distribuídos pela Avenida Rondon Pacheco, que foi bloqueada. Janot confirmou que viajou para o município mineiro em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), evitando voo de carreira.
Essa foi uma das recomendações feitas pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em reunião não agendada previamente com o procurador-geral na quarta-feira.

Radicais No encontro com o procurador-geral, Cardozo avisou que a área de inteligência do governo detectou um aumento do risco contra ele e sugeriu que sua segurança fosse ampliada.

Na ocasião, Cardozo não tinha detalhado essas ameaças, mas disse que há “radicais se avolumando em vários segmentos”, e sugeriu que o procurador adotasse precauções adicionais. A inteligência do governo estaria monitorando, ainda, riscos a outras autoridades, não detalhados no encontro.

Questionados sobre a possibilidade de o alerta soar como uma tentativa de intimidar Janot às vésperas da esperada lista de políticos denunciados ou que terão inquéritos abertos para apurar relação com os desvios da Petrobras investigados na Operação Lava-Jato, interlocutores do procurador dizem que ele entendeu a visita como uma legítima preocupação do ministro com sua segurança.

O ato em Uberlândia foi em repúdio ao atentado sofrido pelo promotor Marcus Vinícius Ribeiro Cunha, que levou quatro tiros na noite do sábado passado, em Monte Carmelo, por causa de investigação que levou à cassação do mandato do ex-presidente da Câmara municipal Valdelei José de Oliveira. Cunha teve alta médica na quinta-feira e, segundo o promotor Bruno Lintz, não vai voltar a trabalhar em Monte Carmelo.

 

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