Brasília – Com o acordo de colaboração premiada fechado por dois executivos da empreiteira Camargo Corrêa, chega a 15 o número de colaboradores da Operação Lava-Jato. O presidente da companhia, Dalton Avancini, e o vice, Eduardo Hermelino Leite, o “Leitoso”, faziam parte do núcleo duro do cartel de empreiteiras acusado de combinar licitações e superfaturar obras na Petrobras. Por isso, devem fornecer diferenciais em relação aos outros réus. Segundo depoimentos já tomados de outros delatores pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, o preço adicional nos empreendimentos tocados por essas empresas era repassado com propina de 1% a 3% para funcionários da estatal e políticos.
A expectativa de pessoas ligadas à investigação é de que a dupla relate casos envolvendo políticos com foro privilegiado. Isso faria o acordo ser homologado apenas pelo ministro relator da operação no Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, o que pode levar até 30 dias. O pacto com os executivos ainda pode ameaçar a negociação com outros delatores e empresas. Ao mesmo tempo, facilita as pretensões da Camargo de fazer um trato de leniência com as autoridades do Executivo. O acordo evita que a empresa seja considerada inidônea, o que resultaria em impedimento para contratar com o poder público.
O presidente do conselho da empreiteira, João Ricardo Auler, não aceitou firmar o acordo.
Promessas Após a assinatura do pacto, a empreiteira informou que “sanará eventuais irregularidades” detectadas pela Lava-Jato. A Procuradoria acusa executivos da empresa de pagarem propina para obter contratos na Petrobras, assim como outros fornecedores suspeitos de participar de um cartel. “Embora não tenha participado do citado acordo, a companhia permanecerá à disposição das autoridades”, diz nota distribuída pela assessoria da Camargo Corrêa. O objetivo da empresa, segundo o texto, é continuar “aprimorando a governança administrativa para seguir contribuindo com o desenvolvimento do país”.
A empresa disse que não foi comunicada oficialmente da delação de seus executivos. E criticou as prisões numa primeira versão da nota, em que relata detenção por “períodos excessivos”. “A companhia lamenta que tenham sido submetidos a longo período de prisão, antes do julgamento do caso”, diz o texto da nota, após a retificação da assessoria de imprensa.