Brasília - O vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer, afirmou nessa segunda-feira que o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), fez recentemente "observações adequadas" sobre a coalizão governista. Renan, que boicotou nesta noite um jantar realizado pela presidente Dilma Rousseff com as principais lideranças da legenda, disse na semana passada que a coalizão estava "capenga".
Temer ressaltou ainda que Renan está "inteiramente integrado no espírito da coalizão (...), que se consolida hoje definitivamente."
Embora seja o maior partido da base aliada de Dilma, o PMDB se rebelou desde que o governo apoiou o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) na disputa pela presidência da Câmara. O peemedebista Eduardo Cunha (RJ) foi eleito ainda no primeiro turno e os petistas ficaram isolados em postos secundários na Casa. Além do mais, o PMDB do Senado reclama que não foi contemplado na reforma ministerial, jogando mais combustível na crise com o Palácio do Planalto.
O jantar com os peemedebistas durou três horas e foi organizado para tentar jogar água na fervura, mas a decisão de Renan de não comparecer pegou o governo de surpresa. A presidente resgatou uma antiga promessa para tentar se reaproximar do PMDB e disse que se reuniria semanalmente com o aliado e com representantes de outros partidos da base. A petista já fez essa sinalização em outras crises com o Congresso, mas os encontros semanais foram abandonados.
"A decisão foi agora fazer uma reunião semanalmente com representação dos vários partidos da coalizão para discutir todos os temas, não só aqueles que sejam remetidos ao Congresso Nacional, mas aqueles que façam parte de ações do poder Executivo", afirmou Temer, para acrescentar que sua legenda deixa o jantar mais "satisfeita". Ele disse que participará dos encontros, que também sempre contarão com ao menos um ministro do PMDB. "Efetivamente vai haver uma integração maior e uma consulta maior".
'Equívoco'
Temer afirmou ainda que Dilma vai consultar o PMDB e os demais partidos aliados antes de adotar políticas e de enviar propostas ao Legislativo, uma das principais demandas dos peemedebistas. Ao ser questionado sobre a edição, no final da semana passada, de uma medida provisória que alterou as regras da desoneração da folha de pagamento adotada no primeiro mandato de Dilma, sem consulta com os peemedebistas, Temer reconheceu que a falta de diálogo foi um "suposto equívoco". "Nada como um suposto equívoco para gerar acertos, que nascem a partir de hoje", concluiu.