Brasília, 04 - Sem um acordo com a bancada evangélica para a eleição da presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, a sessão de instalação do colegiado foi adiada para a próxima quarta-feira, 11. Mesmo com o indeferimento de sua candidatura avulsa, o deputado Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ) disse que se manterá na disputa contra o petista Paulo Pimenta (RS), candidato oficial.
O PT alega que, pelo princípio da proporcionalidade, deve ficar com o comando da comissão, mas Sóstenes argumenta que sua candidatura avulsa deve ser aceita. O presidente da sessão, deputado Assis do Couto (PT-PR), negou o registro da candidatura. A sessão foi interrompida por meia hora para que os ânimos fossem apaziguados, mas o deputado do PSD não voltou atrás. "Recuar é ridículo para qualquer parlamentar e não o farei de maneira alguma", avisou Sóstenes, apesar dos apelos do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que o procurou por três vezes.
Insinuando que é vítima de preconceito por ser evangélico, o pastor da Assembleia de Deus disse que não foi comunicado sobre o acordo do bloco que envolve PT e PSD, e que só foi chamado pelo líder da bancada, Rogério Rosso (DF), depois do registro de sua candidatura. Ele contou que é militante da área, que já foi missionário por oito anos na Argentina e fez trabalhos em presídios e com jovens dependentes químicos em Alagoas. "Um pastor como sou, milita na área de direitos humanos como qualquer outra pessoa", reforçou. Ele reclamou que os partidos de esquerda monopolizam o tema.
Paulo Pimenta lembrou que o PSD já preside duas comissões na Casa (Desenvolvimento Econômico e Agricultura) e que o acordo de líderes feito ontem garante o comando de Direitos Humanos ao PT - que até agora preside apenas a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. "Existe a palavra do presidente da Casa de que o acordo será cumprido", observou.
O petista revelou que alguns parlamentares indicados como membros titulares, como Jean Wyllys (PSOL-RJ), foram retirados de última hora da comissão para abrir espaço aos apoiadores de Sóstenes. "Tenho certeza que ele, como pastor, quando tiver na plenitude das informações, será o primeiro a voltar atrás. Não acredito que um servo de Deus não vá respeitar uma coisa básica entre nós que é a palavra, a honra. São valores importantes para nós e creio que para ele, pastor, também", afirmou Pimenta.