Servidores pressionam deputados a votar PEC que efetiva não concursados

Servidores designados que devem ser exonerados até o mês que vem querem que deputados votem PEC que os efetiva no estado. STF decide hoje se adia demissão

Juliana Cipriani
Nas galerias da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, designados pediram a votação da PEC. Em todo o estado, são 59 mil efetivados - Foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A Press

Na expectativa de uma posição final do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre seu destino, que pode sair nesta quinta-feira ou ser adiada a pedido do governo de Minas Gerais, servidores efetivados decidiram levar de volta a polêmica nessa quarta-feira à Assembleia Legislativa. Um grupo de professores lotou as galerias pedindo a aprovação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) apresentada pela oposição que os efetiva mais uma vez sem concurso público. O assunto gerou uma longa queda de braço com os governistas, que apresentaram emenda na reforma administrativa em tramitação na Casa para mantê-los no trabalho até dezembro, porém como designados, vinculados ao Regime Geral de Previdência.

Prestes a serem demitidos – o prazo do STF para que os efetivados pela Lei Complementar 100/2007, considerada pela Corte inconstitucional, deixem os cargos é 1º de abril –, os professores fizeram muito barulho. Eles levaram faixas dizendo que todos os profissionais existem porque tiveram professores e pedindo respeito à categoria. Também vaiaram cada intervenção de deputados que diziam que uma nova PEC que os efetivasse poderia ser derrubada pelo Supremo. O deputado Cabo Júlio (PMDB), por exemplo, não conseguiu encerrar sua fala quando tentava explicar a legalidade da situação.

Inflados pela plateia, os oposicionistas se revezaram defendendo a proposta que consideram a salvação dessas pessoas. Sargento Rodrigues (PDT) pediu regime de urgência para a PEC e, com isso, foi marcada reunião da comissão para definir o relator nesta quinta-feira.

Segundo o deputado João Leite (PSDB), os efetivados são 80% da educação e, se forem demitidos, o ensino vai parar. O tucano afirma que a PEC apenas garante direitos previdenciários ao grupo.

A oposição não concorda com a solução apresentada pelo governo, de fazer uma nova designação automática a partir de abril para que eles fiquem nos cargos até dezembro.“A emenda nem foi votada e aprovada e já estão lá no Supremo? Por que o Supremo não pode desfazer o erro que cometeu lá atrás? O interesse social tem que se sobrepor à frieza da lei”, defendeu o líder da minoria, Gustavo Valadares (PSDB).

O relator da reforma administrativa, deputado Rogério Correia (PT), incluiu nessa quarta-feira em seu parecer uma emenda que torna a redesignação dos servidores da Lei 100 automática assim que eles perderem a condição de efetivados. Com isso, eles não terão de entrar na fila para novas designações, sendo mantidos nos cargos, só que vinculados ao INSS. A emenda gera divergência com a oposição, que prefere ver aprovada sua PEC da efetivação.

O líder do governo, deputado Durval Ângelo (PT), disse que a proposta dos oposicionistas “vende ilusões” pois é ilegal e afirmou que a efetivação deles anterior, que acabou derrubada no STF, era sabidamente inconstitucional. Segundo ele, só foi aprovada na época porque o governo tucano da época precisava de uma certidão negativa para obter empréstimos. “Alguém de boa vontade acha que o Supremo vai mudar uma decisão por 11 a 0?”, questionou.

Segundo o petista, a única solução encontrada pelo Executivo é tornar esses servidores designados pelo regime geral, desde que haja vaga, e fazerem concurso. Durval afirmou ainda que a situação não é tão dramática quanto coloca a oposição. Segundo ele, dos 59 mil efetivados, cerca de 10 mil já passaram em concurso e aguardam nomeação. Há ainda um grupo que está para se aposentar, outros que já mantêm trabalho no próprio estado e cerca de 16 mil serventes, função que deve ser terceirizada. “Hoje o problema da Lei 100 está restrito a um quadro de 8 mil a 9 mil servidores e os 500 da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg)”, afirmou.

Conversa

O governador Fernando Pimentel (PT) esteve nessa qurata-feira no Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, para uma conversa com o ministro Dias Toffoli, relator do recurso envolvendo a Lei 100. Pela manhã, o petista informou que iria pedir o adiamento do julgamento do recurso, marcado para hoje. “De qualquer maneira, a decisão do STF será cumprida. A lei é inconstitucional, e certamente vamos ter que abrigar esses servidores exonerados de outra forma”, afirmou. Na segunda-feira, a Advocacia-Geral do Estado (AGE) já havia protocolado uma petição pedindo o adiamento para dezembro, quando se encerra o período letivo nas escolas públicas.

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