A defesa do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato faz um apelo ao governo italiano para que o país não use o condenado no caso do mensalão para conseguir a devolução do ex-ativista Cesare Battisti. Nessa quinta-feira, 5, o advogado que defende Pizzolato na Itália, Alessandro Sivelli, enviou uma carta ao ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando, com esse argumento.
Caberá ao ministro da Justiça italiano a decisão se Pizzolato deve ou não ser extraditado ao Brasil. Em fevereiro, a Corte de Cassação de Roma deu o sinal verde para que ele seja enviado ao País, rejeitando os argumentos de Sivelli de que as prisões brasileiras representariam uma ameaça para sua integridade física.
O caso, porém, ganhou uma nova dimensão depois que, no Brasil, a Justiça Federal decidiu que Battisti, condenado na Itália por assassinato, deveria ser deportado. Imediatamente, familiares de vítimas do terrorismo na Itália e integrantes do governo indicaram que deveria haver algum tipo de "reciprocidade" entre os dois casos.
Andrea Orlando chegou a declarar que uma eventual deportação de Cesare Battisti pode abrir espaço para um novo pedido de extradição do ex-ativista. "Se o procedimento for confirmado, desejamos que ele permita dar origem a uma solicitação de extradição, coisa que já fizemos há tempos", afirmou.
Durante a audiência diante da Corte de Cassação em Roma, foi Sivelli quem levantou o debate sobre Battisti. Diante dos juízes, ele argumentou que a Itália não poderia extraditar Pizzolato porque o Brasil não dava sinais de "reciprocidade" no caso do ex-ativista.
O tom na carta, porém, passou a ser bem diferente. O advogado insistiu que não seria adequado que o governo se utilizasse de uma eventual extradição de Pizzolato para obter uma vitória política, muito menos se isso ocorre em detrimento dos ""direitos fundamentais de uma pessoa". A carta volta a insistir que Pizzolato é italiano e que, portanto, não poderia enfrentar a situação das prisões brasileiras.