São Paulo – O advogado do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, Alessandro Sivelli, escreveu uma carta ao ministro da Justiça da Itália, Andrea Orlando, pedindo que ele não deixe que sua decisão no caso do petista seja ditada por uma eventual “troca” com Cesare Battisti. Condenado a 12 anos e sete meses de prisão no processo do mensalão, Pizzolato fugiu para a Itália e agora aguarda a decisão do governo do país sobre sua entrega às autoridades brasileiras. A Justiça italiana já decidiu pela extradição, mas cabe ao Ministério da Justiça do país europeu a decisão final. Ele está preso desde a decisão da Corte de Cassação por sua extradição, no início de fevereiro.
Já Battisti, integrante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) nos anos 1970, foi condenado à prisão perpétua pela Itália sob acusação de ter cometido quatro assassinatos. Ele conseguiu fugir da Itália, morou alguns anos na França, passou pelo México e, em 2004, veio para o Brasil. O terrorista italiano chegou a ser preso em 2007 para fins de extradição. Em 2009, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o envio de Battisti para a Itália. Deu, no entanto, a última palavra sobre o caso para o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que rejeitou a extradição, em ato assinado no último dia de seu governo. A 20ª Vara Federal de Brasília determinou, no dia 26, a deportação – e não extradição – dele, alegando que pessoas condenadas por crimes dolosos no exterior não podem obter o visto de permanência no Brasil. Cabe recurso da decisão.
Em correspondência enviada na quarta-feira ao ministro italiano, o advogado de Pizzolato faz um apelo para o governo não colocar a possibilidade de obter um sucesso político na frente de “direitos fundamentais de uma pessoa”, ainda mais tratando-se de um concidadão, já que o ex-diretor do BB tem nacionalidade italiana. “Fiquei sabendo pela imprensa que Henrique Pizzolato poderia ser extraditado para obter Cesare Battisti. Torço para que tais notícias sejam infundadas. Peço ao senhor para tomar sua decisão privilegiando a defesa e o respeito aos direitos fundamentais do indivíduo, direitos esses que o Estado brasileiro não garantiu ao longo do processo e que não é capaz de garantir aos próprios presos, em vez de eventuais interesses internacionais e de imagem do seu governo”, disse Sivelli.
Em 12 de fevereiro, a Corte de Cassação de Roma, principal instância judiciária da Itália, autorizou a extradição do ex-diretor do BB, revertendo uma decisão anterior do Tribunal de Apelação de Bolonha, que se pronunciara a favor do réu. Agora, o veredicto final sobre o caso cabe a Andrea Orlando.