Todos foram citados no esquema de propinas na Petrobras pelos delatores Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, e o doleiro Alberto Youssef. Na relação estão o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL), a ex-governadora do Maranhão Roseana Sarney (PMDB) e os ex-ministros e senadores Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Edison Lobão (PMDB-MA), entre outros.
Também estão na lista dois mineiros: o senador e ex-governador do estado Antonio Anastasia (PSDB) e o deputado federal Luiz Fernando Faria (PP).
Agora, o MP pedirá mais apurações e levantamento de provas contra os investigados e, na etapa seguinte, denunciará ao próprio Supremo aqueles que considere ter cometido crimes. Se as denúncias forem aceitas, serão abertas ações penais contra os acusados, que passarão, então, à condição de réus. O ministro Teori Zavascki aceitou pedidos de arquivamento contra alguns citados, por não haver denúncias consistentes, como o senador e ex-governador Aécio Neves (PSDB). E encaminhou parte dos casos, de pessoas sem foro privilegiado, a outras instâncias judiciais.
A relação dos políticos
PP
Senadores
Ciro Nogueira (PI) Benedito de Lira (AL) Gladson Cameli (AC)
Deputados
Aguinaldo Ribeiro (PB) Simão Sessim (RJ) Nelson Meurer (PR) Eduardo da Fonte (PE) Luiz Fernando Faria (MG) Arthur Lira (AL) Dilceu Sperafico (PR) Jeronimo Goergen (RS) Sandes Júnior (GO) Afonso Hamm (RS) Missionário José Olímpio (SP) Lázaro Botelho (TO) Luis Carlos Heinze (RS) Renato Molling (RS) Roberto Balestra (GO) Lázaro Britto (BA) Waldir Maranhão (MA) José Otávio Germano (RS)
Ex-deputados
Mario Negromonte (BA) João Pizzolatti (SC) Pedro Corrêa (PE) Roberto Teixeira (PE) Aline Corrêa (SP) Carlos Magno (RO) João Leão (BA) Luiz Argôlo (BA) (SDD desde 2013) José Linhares (CE) Pedro Henry (MT) Vilson Covatti (RS)
PMDB
Senadores
Renan Calheiros (AL) Romero Jucá (RR) Edison Lobão (MA) Valdir Raupp (RO)
Deputados
Eduardo Cunha (RJ), Aníbal Gomes (CE)
Ex-governadora
Roseana Sarney (MA)
PT
Senadores
Gleisi Hoffmann (PR) Humberto Costa (PE) Lindbergh Farias (RJ)
Deputados
José Mentor (SP) Vander Loubet (MS) Cândido Vaccarezza (SP)
PSDB
Senador
Antonio Anastasia (MG)
PTB
Senador
Fernando Collor (AL)
ELES SERÃO INVESTIGADOS
STF autoriza investigação contra 49 pessoas, das quais 35 parlamentares. Para Rodrigo Janot, políticos recebiam pagamentos a partir de propinas cobradas de contratos com a Petrobras
Brasília – A lista dos investigados na Operação Lava-Jato, elaborada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e divulgada na noite de ontem pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, põe sob suspeição a cúpula do Congresso, ao autorizar a investigação dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). E causa um estrago na base de sustentação do governo Dilma já que, dos 49 investigados, 35 têm mandato parlamentar e apenas um é de oposição: o senador e ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia (PSDB).Em nota divulgada ontem, Janot afirmou que os políticos recebiam pagamentos mensais a partir de propinas cobradas de contratos com a estatal – remetendo, indiretamente, ao escândalo do mensalão, que levou a antiga cúpula do PT para a prisão. “Segundo os depoimentos, os agentes políticos responsáveis pela indicação de Paulo Roberto Costa para a Diretoria de Abastecimento da Petrobras recebiam, mensalmente, um percentual do valor de cada contrato firmado pela diretoria”.
Para a Procuradoria-Geral da República, os três principais partidos da quadrilha que atuava na Petrobras são o PT, o PMDB e o PP. “Parte (das propinas) era destinada a integrantes do PT, responsáveis pela indicação de Renato Duque para Diretoria de Serviços. Era essa diretoria que indicava a empreiteira a ser contratada, após o concerto entre as empresas no âmbito do cartel. De 2004 a 2011, eram os integrantes do PP quem davam sustentação à indicação de Paulo Roberto, e, a partir de meados de 2011, os integrantes do PMDB responsáveis pela indicação do diretor da Área Internacional da estatal passaram a apoiar o nome de Paulo Roberto para o cargo de diretor. Daí porque também passaram a receber uma fatia da propina”.
REPETIÇÃO Os colaboradores da investigação, de acordo com o Ministério Público, “esclareceram que o esquema operado no âmbito da Diretoria de Abastecimento se repetia nas Diretorias de Serviços e Internacional. O pagamento da propina era feito pelas empreiteiras diretamente aos agentes políticos ou por meio dos operadores financeiros, Alberto Youssef, Fernando Baiano e João Vaccari Neto”.
Fragilizada politicamente na articulação com o Congresso, Dilma não será investigada porque Janot declarou-se incompetente para analisar o envolvimento dela nas denúncias referentes à Operação Lava-Jato. Mas ela terá de lidar com um Congresso na defensiva, mais preocupado em preservar-se a si mesmo do que ajudar o governo neste momento de ajuste fiscal.
Dos 47 políticos investigados, 32 são filiados ao PP; sete ao PMDB; seis ao PT; um ao PTB, além de Anastasia e Argôlo. A lista inclui nomes de peso no parlamento. Pelo PT, por exemplo, os três senadores mais representativos na defesa de Dilma Rousseff são citados na lista: o atual líder no Senado, Humberto Costa (PE); o senador e candidato do partido ao governo do Rio em 2014, Lindbergh Farias (RJ); e a senadora, ex-chefe da Casa Civil e candidata do PT ao governo do Paraná, Gleisi Hoffmann.
Além deles, estão sob investigação o ex-líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR); o ex-presidente do partido Valdir Raupp (RO); e o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), ex-presidente da República.