Rio - Acusado pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa de ter recebido R$ 2 milhões de origem ilegal durante sua campanha para o Senado, em 2010, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) será alvo de investigação autorizada ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Neste sábado, 7, em seu escritório no centro do Rio, ele recebeu a imprensa, negou irregularidades e afirmou que quer esclarecer logo o caso.
"O que estão querendo nesse processo é criminalizar doação eleitoral legal. Nesse processo tem gente envolvida em corrupção na Petrobras, gente que recebia propina semanal, recebia dinheiro na conta, inclusive em conta no exterior, e tem um caso de doação eleitoral legal, que é o meu caso", diz Lindbergh.
"Essas empresas que estão (sendo investigadas) na Lava Jato são responsáveis por 60% das doações em todas as campanhas eleitorais, no Brasil inteiro. O argumento que está indo contra a gente agora é o seguinte: `Se você recebeu (dinheiro ilegal), você tinha que saber'. Mas nós não tínhamos que saber, pois essas empresas são empresas grandes, respeitadas, não podia imaginar que do outro lado houvesse ilícito. Se eu tivesse recebido do Youssef seria diferente, mas não foi isso".
Em 2014, quando foi candidato a governador, Lindbergh teve o auxílio de Paulo Roberto Costa. "Ele participou da discussão do programa de governo, e nós tivemos uma reunião sobre como procurar algumas empresas para ajudar. A questão era: `Você pode nos ajudar em doações legais?'. O próprio Paulo Roberto diz que essas doações (de 2014) foram legais, não há nenhum ilícito aí", diz Lindbergh.
O senador pretende ir a Brasília para tentar acelerar a investigação. "Quero que me investiguem rápido, quero prestar depoimento, quero esclarecer tudo". Lindbergh não quis comentar as investigações sobre outros envolvidos na Operação Lava Jato. "Minha preocupação é me defender, me explicar", afirmou.
Assessores afirmam que Lindbergh considera sua situação diferente daquela do também senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB-AL), outro que será investigado. O impeachment de Collor, em 1992, foi defendido por Lindbergh, então presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), que liderou manifestações públicas. Agora ambos são alvo de investigações decorrentes da mesma operação da Polícia Federal. "A acusação contra Collor é diferente, mais grave", diz um assessor. Collor nega irregularidades.