Eduardo Cunha está convicto de que só será investigado para justificar a abertura de inquérito contra o senador tucano Antonio Anastasia (MG). É que os dois foram colocados no balaio da Lava-Jato pelo mesmo delator, o policial Jayme Alves de Oliveira Filho, que disse ter entregue dinheiro numa casa no Rio de Janeiro e que esse dinheiro seria destinado a Eduardo Cunha e, no caso de Anastasia, a alguém que ele acha que poderia ser o senador mineiro.
“O procurador-geral da República agiu como aparelho, visando à imputação política de indícios como se todos fossem partícipes da mesma lama. É lamentável ver o procurador, talvez para merecer a sua recondução, se prestar a esse papel. E criminalizar a minha doação oficial de campanha sem criminalizar a dos outros é um acinte à inteligência de quem quer que seja. Sabemos exatamente o jogo político que aconteceu e não dá para ficar calado sem denunciar a politização e aparelhamento da PGR”.
‘PAUTA-BOMBA’ Instrumentos para Cunha cumprir o que diz não faltam. Como presidente da Câmara dos Deputados, ele tem o poder de elaborar a pauta da Casa e também apressar ou retardar a condução dos trabalhos em plenário. Até aqui, o governo vinha se segurando com a camaradagem da Presidência da Casa, que evitava levar a votos a “pauta-bomba”. Agora, essa camaradagem acabou. “A Câmara vai funcionar normalmente. O que estiver em pauta, irá a votação. Sempre divulgo a pauta com uma semana de antecedência”, diz ele, antecipando desde já que não quer conversa com o governo. E sim uma relação institucional.
Cunha também tem também alguma ascendência sobre a CPI da Petrobras, onde esteve na quinta-feira e se colocou à disposição para depor.
UM PARTIDO ENROLADO
A legenda afirmou, por meio de nota, que: “o Partido Progressista não compactua com atos ilícitos e confia na apuração da Justiça para que a verdade prevaleça nas investigações da Operação Lava-Jato”. Presidente da legenda e senador pelo PP do Piauí, Ciro Nogueira também se pronunciou: “Essa situação é surreal. Estão listados praticamente todos os deputados que receberam doação oficial do partido em 2010. Eu espero que a situação se resolva logo e continuo tranquilo. Em nenhum momento eu titubeei.
As petições de Janot estão fortemente lastreadas nas revelações feitas por Paulo Roberto, um dos primeiros a assinar um acordo de delação premiada. E Costa ocupou o cargo na estatal petrolífera, de 2004 a 2012, por indicação do PP de José Janene, depois por apoio de caciques do PMDB. Segundo o delator, Ciro Nogueira assumiu liderança “informal” da legenda após a morte de Janene e era ele quem determinava como seriam feitos os repasses ao PP. Paulo Roberto afirmou, por exemplo, ter repassado R$ 1 milhão, por intermédio de Youssef, para a campanha ao Senado de 2010 de Benedito de Lira. O valor teria saído da cota do PP e seria decorrente de sobrepreços em contratos da Petrobras. O senador disse ter ficado “surpreso” com a presença de seu nome na lista, que não sabe o conteúdo das denúncias e que está “tranquilo”.
INDÍCIOS Ex-deputado federal pelo PP da Bahia, Mário Negromonte negou envolvimento com as acusações referentes à Operação Lava-Jato. O ex-ministro das Cidades disse, por meio de nota, reiterar seu posicionamento “no sentido de que tenho a mais absoluta convicção de que as investigações apenas confirmarão a completa insubsistência dos indícios supostamente relacionados a mim”.
O vice-governador da Bahia, João Felipe de Souza Leão, do PP, disse que não entendeu a razão de seu nome constar na lista. “Estou tão surpreso quanto tantos outros, não sei porque meu nome saiu. Nem conhecia esse povo. Acredito que pode ter sido por ter recebido recursos em 2010 das empresas que estão envolvidas na operação. Mas, botar meu nome numa zorra dessas? Não entendo. O que pode ser feito é esperar ser citado e me defender. Estou cagando e andando, no bom português, na cabeça desses cornos todos. Sou um cara sério, bato no meu peito e não tenho culpa.”
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