Brasília - Um dos 34 parlamentares alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal sob suspeita de participar do esquema de desvios da Petrobras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusou neste sábado a Procuradoria-Geral da República de ter sido um "aparelho político" do Palácio do Planalto e afirmou "não aceitar isso".
"A PGR agiu politicamente em conjunto com o governo. Querem deixar todos iguais para, juntos, buscarem solução", disse Cunha. "Eu não aceito isso. Vou me defender", declarou. A pedido da Procuradoria-Geral, o ministro do Supremo Teori Zavascki determinou a instauração de inquérito para investigar Cunha por suposta prática de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
O presidente da Câmara foi citado à Polícia Federal pelo policial Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, acusado de ser o "carregador de malas" do doleiro Alberto Youssef. Careca citou Cunha em 18 de novembro de 2014 e, depois, em 5 de janeiro de 2015, em uma retificação.
Para Cunha, seu nome foi incluído na lista porque Careca é o único a citar o senador e ex-governador Antonio Anastasia (PSDB-MG), que, segundo o peemedebista, também foi citado por motivos políticos. "A única citação ao Anastasia está no depoimento do tal policial Careca. Para legitimarem, tinham de me pôr também", afirmou.
Além da citação de Careca, Cunha também foi alvo de uma acusação feita por Youssef no âmbito da delação premiada. Ou seja, o depoimento do "carregador de malas" não é o único que embasa a abertura de inquérito.
Cunha contratou o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando Souza, responsável pela denúncia do mensalão, para defendê-lo na Operação Lava Jato. "(Ele) acha essa petição absurda", disse o presidente. Dois dias após aparecer de surpresa na CPI que investiga o esquema de corrupção na Petrobrás, Cunha disse que irá à comissão novamente. "Faço questão de ir à CPI. Irei", afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.