Rio, 09 - Um dos 34 parlamentares alvo de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) sob suspeita de participar do esquema de desvio da Petrobras, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, criticou nesta segunda-feira, 9, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por não ter pedido abertura de inquérito contra o senador Delcídio Amaral (PT-MS).
Delcídio foi citado durante as investigações da Operação Lava Jato, mas Janot considerou que não havia elementos para abrir investigação. "O estranho continua sendo o procurador não explicar porque ele escolheu a quem investigar. Na minha nota, por exemplo, eu coloquei muito mais razões para ele ter aberto inquérito contra o senador Delcídio e ele escolheu não apresentar pedido de abertura de inquérito contra ele", disse a jornalistas na chegada de um almoço com empresários, no Rio, realizado pela Associação Comercial do Rio De Janeiro.
Segundo Cunha, é importante ver "se o mesmo critério (para abertura de inquérito) deveria ser para todos e parece que isso não está acontecendo".
Apesar de durante todo fim de semana ter atacado Janot e questionado a posição do governo durante a elaboração da lista enviada ao STF, o presidente da Câmara disse: "Ninguém está bravo, não preciso ser amansado".
Cunha reiterou que não tem participação no esquema de desvio de recursos da Petrobras para pagamento de propinas a políticos e ex-executivos da estatal. "Foi tudo por mim já colocado, eu refuto totalmente as acusações. Posso efetivamente ir no detalhe de cada situação", disse.
No domingo, 8, ele negou a acusação do doleiro Alberto Youssef que, em delação premiada, afirmou que Cunha havia pressionado fornecedoras da Petrobras para recebimento de propina e rechaçou a reportagem publicada ontem pelo jornal O Globo, que afirma que dois requerimentos da Câmara reforçam as acusações do doleiro contra Youssef.
"Não posso ser responsabilizado por requerimentos feitos por outros parlamentares, efetivamente na situação do policial está comprovado que a casa não é minha, então eu posso explicar tudo e explicarei tudo perfeitamente", reiterou hoje.
O presidente da Câmara foi citado à Polícia Federal pelo policial Jayme Alves de Oliveira Filho, o Careca, acusado de ser o "carregador de malas" do doleiro Alberto Youssef. Careca citou Cunha em 18 de novembro de 2014 e, depois, em 5 de janeiro de 2015, em uma retificação.