Cunha voltou a acusar o governo de interferência na elaboração da lista enviada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF) com pedidos de abertura de inquérito para investigar a participação de políticos no esquema de corrupção da Petrobras. Cunha é um dos 34 parlamentares investigados na operação Lava Jato.
"Não estou satisfeito com a interferência do governo. Quem tem que combater a corrupção é o governo. A corrupção é do governo e da Petrobras", disse, acrescentado que há uma tentativa de dividir o ônus de uma crise do governo.
Para o presidente da Câmara, o comportamento do governo nos pedidos de investigação "compromete confiabilidade". O deputado também voltou a criticar a lista elaborada pelo procurador-geral da República. "A petição do Janot é uma piada, o procurador escolheu a quem investigar.
Cunha comentou o panelaço e as manifestações contra a presidente Dilma Rousseff, que ocorreram ontem durante o pronunciamento oficial em defesa do ajuste fiscal. O deputado rejeitou a tese de que o movimento foi orquestrado pela oposição e considerou um "sinal de alerta" da insatisfação de parcela da sociedade.
O presidente da Câmara disse que é "natural" a organização de novas manifestações em todo País no dia 15 de março, "desde que não se busque a ruptura". Cunha reiterou ser contrário ao pedido de impeachment da presidente, que considerou uma tentativa de golpe.
O deputado afirmou ainda que é preciso evitar que a crise atual contamine a economia. "Tem uma crise econômica hoje, mas ela é essencialmente política. Nós temos que evitar que o Brasil perca o grau de investimento, a confiança dos investidores, que a instabilidade política não seja fator de afugentar investidores. Precisamos ter consciência do papel que temos que desempenhar para dar um sinal de tranquilidade para os investidores e o mercado. Se não fizermos isso, vamos aprofundar a crise econômica"..