O doleiro Alberto Youssef disse em depoimento prestado com base em acordo de delação premiada que parlamentares do Partido Progressista recebiam valores mensalmente em troca de apoio na votação de projetos de lei de que fossem "de interesse do Poder Executivo". O Supremo Tribunal Federal (STF) quebrou o sigilo dos depoimentos de Youssef e do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, feitos em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.
Youssef relata que a compra da bancada do PP na Câmara dos Deputados exigia arrecadação mensal entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões mensais. Ele cita o nome de 30 políticos, entre parlamentares e ex-parlamentares do PP, que eram beneficiados com o pagamento.
Segundo Youssef, a alta cúpula do partido recebia entre R$ 250 mil e R$ 300 mil mensais, citando o ex-deputado José Janene (PP-PR), morto em 2010, o ex-ministro das Cidades Mário Negromonte (ex-PP-BA), o ex-deputado federal João Pizzolati (PP-SC), ex-deputado Pedro Henry (PP-MT) e o deputado federal Nelson Meurer (PP-PR).
Segundo relato do doleiro, os deputados de menor relevância recebiam cerca de R$ 30 mil a R$ 150 mil por mês, categoria na qual lista 25 nomes. Ele diz que apenas dez políticos do PP não receberam dinheiro em troca de apoio: os ex-deputados Rebecca Garcia (PP-AM) e Pastor Vilalba (PP-PE); os deputados Dimas Fabiano (PP-MG), Renzo Braz (PP-MG), Iracema Portela (PP-PE), Esperidião Amin (PP-SC), Paulo Maluf (PP-SP), Guilherme Mussi (PP-SP), Jair Bolsonaro (PP-RJ) e a senadora Ana Amélia (PP-RS).
Na campanha eleitoral de 2010, Youssef afirma ter solicitado às construtoras Queiroz Galvão, Jaraguá Equipamentos, UTC, OAS que fizessem doações oficiais de valores para os candidatos do PP aos cargos de deputado federal e senador. Ele afirma ainda ter pago resquícios de dívidas de campanha do senador Benedito de Lira (PP-AL) e do deputado Arthur Lira (PP-AL), hoje presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados.
Além do pagamento de valores mensais em troca de apoio ao governo, Youssef relatou também que o esquema de pagamento de propina influenciava na escolha do líder do PP na Câmara, e que esse mecanismo ajudou a eleger como líderes da sigla Mario Negromonte, por quatro vezes e João Pizzolati por duas vezes.
Segundo o delator, cada eleição de líder do PP custava em torno de R$ 4 milhões, e os valores eram "oriundos de contratos de empreiteiras do cartel com a Petrobras". O doleiro afirma que esse esquema de pagamento ocorreu entre 2005 e 2012. Os pagamentos eram feitos em reuniões da cúpula da sigla e o ex-deputado João Pizzolati era o responsável por indicar quais parlamentares receberiam dinheiro. Youssef afirmou ainda nunca ter feito pagamentos diretos ao "baixo escalão" da sigla.