De acordo com ele, nesta época dos "apagões" do final do governo Fernando Henrique Cardoso, coube à Petrobras iniciar a construção de termoelétricas como parte da solução para a crise.
Paulo Roberto Costa afirmou aos investigadores que chegou ao seu conhecimento, por meio de comentários da área de Gás e Energia da estatal, que houve uma negociação entre Cerveró, a Alstom e o senador Delcídio Amaral (PT-MS). Na época, a gerência de Geração de Energia era ocupada por Cerveró e Delcídio era o diretor da área.
"Aparentemente foi usada uma situação de emergência, como a crise de energia, para viabilizar a realização de um contrato bilionário com a Alstom por parte da Petrobras", disse o delator.
Segundo Costa, comentários "correntes" da área eram no sentido de que "a opção pela Alstom foi devido ao fato de que (a empresa) podia entregar rapidamente o produto e também porque teria concordado em efetuar o pagamento de um considerável valor como propina pela contratação".
Uma quantidade "considerável" das turbinas, segundo o delator, ficou no almoxarifado da estatal "muito embora houvesse, em tese, urgência nas instalações das turbinas". Parte dessas turbinas foi utilizada apenas em 2008, segundo o relato, apesar de terem sido adquiridas em 2002.
A compra para uso muito posterior, segundo o ex-diretor, "não faz sentido", pois há uma grande depreciação quanto ao valor e tecnologia utilizada nas turbinas, o que "leva a crer que possa ter havido um cronograma inexequível" da construção das termoelétricas.
Segundo Corta, desde a compra das turbinas Delcídio passou a ser o "padrinho" de Cerveró na Petrobras e o indicou - já como senador, no início do governo Lula - como Diretor da Área Internacional.
A Procuradoria-Geral da República solicitou o arquivamento das menções a Delcídio. Para os procuradores, as afirmativas de Paulo Roberto Costa "são muito vagas e sobretudo, assentadas em circunstâncias de ter ouvido os supostos fatos por intermédio de terceiros e, ainda, de maneira não individualizada"..