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Estado de Minas

Palavra final era do governo sobre indicações na Petrobras, diz Youssef

Alberto Youssef diz que divergências na distribuição de cargos na estatal eram resolvidas pelo Palácio do Planalto. Compra de refinaria, em 2007, também é colocada sob suspeita


postado em 10/03/2015 06:00 / atualizado em 10/03/2015 08:29

Brasília – O doleiro Alberto Youssef afirmou em delação premiada que o Palácio do Planalto era o responsável final pela escolha dos diretores da Petrobras quando surgiam divergências entre os partidos políticos em torno da indicação de nomes para os cargos e que a chefia da Petrobras e o Planalto sabiam do esquema de corrupção. A íntegra do depoimento foi incluída nos autos da Operação Lava- Jato, que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF), e vários trechos vazaram ontem. “Eram comuns as disputas de poder entre partidos relacionadas à distribuição de cargos no âmbito da Petrobras e que essas discussões eram finalmente levadas ao Palácio do Planalto para solução; (Yousseff) reafirma que o alto escalão do governo tinha conhecimento”, diz trecho do depoimento dado em 3 de outubro do ano passado.

Youssef afirmou ainda que “tanto a presidência da Petrobras quando (quanto) o Palácio do Planalto tinham conhecimento da estrutura que envolvia a distribuição e repasse de comissões no âmbito da estatal”. O doleiro nominou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a atual presidente, Dilma Rousseff, e os ex-ministros José Dirceu, Edison Lobão, Ideli Salvatti, Gleisi Hoffmann, Gilberto Carvalho e Antonio Palocci entre os nomes do Planalto que sabiam do esquema.

No mesmo depoimento, quando indagado diretamente sobre a participação da ex-presidente da Petrobras Graça Foster, o doleiro Alberto Youssef não foi assertivo. “O declarante esclarece acreditar que a mesma soubesse da estrutura de repasses das construtoras para partidos, mas não pode afirmar”. “Entretanto, a prática da indicação de cargos políticos visando pagamentos é rotineira e ocorre em todos os casos.” Youssef, porém, não forneceu provas documentais sobre o suposto grau de conhecimento de cada um dos citados acerca do esquema na Petrobras. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, decidiu não investigar Dilma, afirmando estar impossibilitado pela Constituição.

Em nota divulgada na sexta-feira passada, o PT defendeu os governos Lula e Dilma e afirmou ter convicção “de que todos os acusados devem ter direito ao contraditório, à ampla defesa e ao devido processo legal. E, ao final de eventual processo, caso seja comprovada a culpa de qualquer filiado ao PT, serão aplicadas punições previstas no Estatuto”.

Negócio suspeito O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, relatou, em depoimento, uma operação considerada “suspeita” na qual o ex-presidente da Petrobras José Sérgio Gabrielli autorizou a compra de uma refinaria em 2007. Naquele ano, a Petrobras pagou R$ 2,7 bilhões pela empresa petroquímica Suzano. O ex-diretor da Petrobras revelou à força-tarefa da Lava-Jato que o valor desembolsado ficou “em um patamar bem superior ao mínimo fixado no ’range’, face a uma decisão unilateral do então presidente Sérgio Gabrielli”. O ex-presidente não repassou aos diretores, segundo Costa, “maiores detalhes” sobre o negócio.

De acordo com o ex-diretor, a Gerência Executiva de Novos Negócios e “os bancos que assessoravam a Petrobras na negociação” haviam estabelecido um ‘range’, que representaria os limites máximo e mínimo de precificação da petroquímica. A decisão que levantou as suspeitas, segundo o delator, foi comunicada por Gabrielli aos outros diretores da estatal do petróleo “em uma reunião de caráter interno da Petrobras na cidade de São Paulo, convocada especificamente para tratar da aquisição”. Depois, a mesma decisão foi “referendada pela diretoria (em uma reunião de cunho formal) e pelo Conselho da Petrobras”.

Em outro depoimento, Costa também afirmou que o então chefe de gabinete de Gabrielli, Armando Tripodi, concordou que uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) recém-criada no Congresso, em 2010, “deveria ser barrada”. O ex-diretor contou ter se reunido com o então deputado federal Sérgio Guerra, ex-presidente nacional do PSDB, falecido em 2014, e o deputado federal Dudu da Fonte (PP-PE) para discutir “como barrar a CPI para investigar” a Petrobras. Segundo Costa, conforme o resumo do depoimento feito pelo Ministério Público Federal, “o PSDB queria compensação de R$ 10 milhões para barrar a CPI”.

O ex-diretor então procurou um executivo da Queiroz Galvão, Ildefonso Colares Filho, que depois lhe teria informado que “fez o repasse em favor de Guerra, sem dizer como isso teria sido feito ou quem recebeu o valor”. “Os R$ 10 milhões foram ’debitados’ dos recursos a serem recebidos pelo PP


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