Eu acho que há de caracterizar razões para o impeachment, e não o terceiro turno das eleições. O que não é possível no Brasil é a gente também não aceitar a regra do jogo democrático. A eleição acabou, houve o primeiro e o segundo turno, disse Dilma, depois de participar de solenidade no Palácio do Planalto em que sancionou lei que tipifica o crime do feminicídio.
Terceiro turno das eleições para qualquer cidadão brasileiro não pode ocorrer, a não ser que você queira uma ruptura democrática. Se quiser uma ruptura democrática, eu acredito que a sociedade brasileira não aceitará rupturas democráticas e acho que nós amadurecemos suficiente para isso.
Questionada se as manifestações pró-impeachment seriam legítimas, Dilma respondeu: Convocar, quem convocar, convoque do jeito que quiser, ninguém controla quem convoca. A manifestação vai ter as características que tiver seus convocadores. Ela em si não representa nem a legalidade nem a legitimidade de pedidos que rompem a democracia.
Sobre a manifestação de brasileiros com panelaços, vaias e xingamentos durante a transmissão do pronunciamento em rede nacional de rádio e TV, Dilma disse que na democracia é preciso conviver com a diferença.
Já perdeu. Mais cedo, o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, minimizou o panelaço, ao dizer que as manifestações ocorreram em cidades e em bairros onde a presidente petista perdeu as eleições por uma grande diferença. Usou também a mesma expressão de Dilma ao dizer que estão querendo promover um terceiro turno. A primeira regra do sistema democrático é reconhecer o resultado das urnas. Só tem dois turnos, não tem terceiro turno. Nós vencemos pela quarta vez (as eleições), declarou o ministro, argumentando que Dilma sempre usa a cadeia de rádio e televisão para o dia da mulher.
Mercadante destacou que toda manifestação pacífica é um direito da população, mas pediu que não haja intolerância ou radicalismo. Ele demonstrou ainda preocupação com o momento pelo qual o País atravessa: recém-saído de uma eleição bastante polarizada, com momento de radicalização.
Precisamos construir uma cultura de tolerância, de diálogo e respeito. Uma agenda de convergência é fundamental para o País poder superar dificuldades conjunturais o mais rápido possível, garantir a estabilidade (econômica) e a retomada do crescimento, disse.
Mercadante aproveitou para voltar a defender o ajuste fiscal e comparou a necessidade de adotar estas duras medidas, com a ida ao dentista. Ajuste fiscal é como ir ao dentista.
(Tânia Monteiro e Rafael Moraes Moura).