Belo Horizonte, 10 - O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), admitiu que a situação do Estado não "está fácil" e que, além de problemas financeiros, há empecilhos em gestão, que ele atribui à herança dos 12 anos de PSDB à frente do governo mineiro. "Assumimos o governo mineiro há pouco mais de dois meses. O quadro não é de facilidade, de fato, mas não é só em questão financeira. O Estado tem problemas muito graves de gestão, que vamos tentar equacionar", disse, em pronunciamento na posse da nova diretoria da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (Granbel), no Palácio Tiradentes, na Cidade Administrativa.
Segundo ele, se houver transparência, o cidadão mineiro terá compreensão desta fase difícil do governo. "Tenho absolutamente certeza de que tudo isso, devidamente mostrado para o cidadão com transparência, com sinceridade, encontra compreensão da cidadania. O governante quando fala para o povo, tem que ser mais o sincero possível, tem que mostrar toda a realidade do Estado ou do município", declarou, falando que a relação entre as três esferas da República (União, Estado e municípios) também devem ser de transparência.
O relatório de gestão fiscal publicado no final de janeiro no Diário Oficial do Estado mostrou um déficit de R$ 2,16 bilhões, proveniente de despesas de R$ 75,512 bilhões e uma arrecadação de R$ 2,16 bilhões. As contas, porém, serão detalhadas após auditoria pedida pelo novo governo do Estado a serem informadas no final do mês - fala-se em dívidas superiores em R$ 1 bilhão e "erros" administrativos que viriam desde a época da gestão de Aécio Neves (PSDB) no governo mineiro. Pimentel não quis falar com a imprensa após o evento desta manhã. À tarde, o governador participa da abertura da 15ª edição da Feira de Calçados de Nova Serrana (Fenova), no oeste do Estado.
Reivindicações e crise hídrica
Conforme o novo presidente da Granbel e prefeito de Vespasiano, Carlos Murta (PMDB), mais do que paciência, o momento é de ter tolerância com os ajustes no governo estadual. "Estamos alertando o governo do Estado dos dramas que as 34 cidades da região metropolitana de Belo Horizonte vivem, mas temos que buscar soluções conjuntas", disse, em rápida conversa com jornalistas após o evento. Das dificuldades, além da falta de recursos, Murta citou problemas em segurança pública, transporte coletivo e saúde.
Com relação à crise hídrica, Murta informou que os prefeitos da região metropolitana estão fazendo campanha de economia de água há mais de 15 dias e falando sobre o melhor aproveitamento dos poços artesianos que não estavam sendo mais utilizados. "Vamos ter que conviver com esse problema. Vai haver racionamento, sobretaxa e estamos orientando o cidadão para essa nova realidade", declarou o político, que foi um apoiador de Pimentel em sua campanha para o Palácio Tiradentes.
Ontem, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) apresentou ao grupo que cuida da crise hídrica no Estado um documento em que constata oficialmente a situação de escassez da matéria-prima na região metropolitana. O documento é condição legal para que a Companhia de Água e Saneamento de Minas Gerais (Copasa) possa elaborar uma proposta de racionamento ou sobretaxa para quem consumir acima de uma média estipulada pelo governo.
O secretário de Estado de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães, espera que em meados de abril a Copasa apresente à Agência Reguladora de Serviços de Abastecimento de Água e de Esgotamento Sanitário do Estado de Minas Gerais (Arsae-MG) um modelo de racionamento.