Não é apenas a presidente Dilma Rousseff e seus aliados que estão preocupados com a dimensão dos protestos marcados em todo país para o próximo domingo, 15 de março.
Embora o foco seja os eventos do domingo, a operação da PM começa na sexta-feira, quando estão marcadas manifestações em apoio à presidente. Capitaneada pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), a mobilização defende as conquistas sociais do governo do PT, mas pode não ocorrer. Ontem, o próprio governo pediu à Central que cancele o evento para evitar que ele estimule mais manifestantes a participar dos protestos no domingo.
Os eventos a favor e contra o governo aumentaram a atenção da PM. “Vamos usar o efetivo da Região Metropolitana de BH, que é de 15 mil homens.
Amanhã, com a conclusão da análise de conteúdos compartilhados em aplicativos de celular e redes sociais, a corporação anunciará detalhes da operação. “Posso dizer que estamos preparados para qualquer tipo de situação”, afirma o major. Uma das orientações, anunciada na segunda-feira pelo prefeito de BH, Marcio Lacerda, é proibir o bloqueio total de ruas e avenidas pelos manifestantes, com objetivo de garantir o direito de ir e vir daqueles que não participarão dos protestos.
Se depender da adesão no Facebook a eventos marcados para o domingo, a PM terá trabalho de sobra. Somente em Belo Horizonte, uma manifestação pelo impeachment de Dilma Rousseff, às 10h, na Praça da Liberdade, conta com 26 mil presenças confirmadas. Outro evento semelhante, às 15h, tem 9,4 mil adeptos. Mas, na página “Manifestação pelo Impeachment de Dilma Rousseff”, os organizadores avisam que o protesto é pacífico e que não irão permitir o uso de camisas ou bandeiras de partidos políticos. Tampouco os vândalos e black blocs, que serão, segundo eles, “entregues à polícia”.
Uma das organizadoras, a médica Flávia Figueiredo, 42 anos, acredita que pelo menos 20 mil pessoas estarão presentes na Praça da Liberdade. Apesar de estar no nome do evento, o afastamento da presidente não chega a ser um pleito. “Ninguém quer que ela (Dilma) continue, mas o foco principal é a luta contra a corrupção. O impeachment em si é um símbolo para mostrar que estamos insatisfeitos com o que está ocorrendo no Brasil”, explica.
Interior
A onda de protestos está se espalhando pelo interior: já há manifestações marcadas em 12 municípios, além da capital – Betim, Curvelo, Divinópolis, Governador Valadares, Ipatinga, Juiz de Fora, Montes Claros, Pouso Alegre, Sete Lagoas, Uberlândia, Uberaba e até na pequena Brasília de Minas, Região Norte.
Em Montes Claros, no Norte de Minas, a concentração está marcada para às 11h30, na Avenida Deputado Esteves Rodrigues (Sanitária), na região Central. Também está sendo organizada uma carreata com saída, às 9h, da Praça dos Jatobás. Embora se apresente como movimento pró-impeachment, nem todos os participantes concordam com esse objetivo.“Vou participar do protesto, mas não para pedir impeachment. Vejo isso como forma de manifestar a nossa insatisfação e denunciar uma situação de corrupção, inércia e incompetência. Esta é uma maneira democrática de se manifestar. Não tem nada a ver com derrubar governo”, afirma o servidor público Valeriano Lopes Braga.
Em Ipatinga, no Vale do Aço, o ato, marcado para o dia 15, às 9h30 em frente à prefeitura, conta com 2,1 mil adesões. Na página do evento no Facebook, os organizadores afirmam que “a cada dia fica mais clara a culpa (por omissão ou negligência) da presidente Dilma nos bilionários escândalos de corrupção envolvendo a Petrobras”. Já em Sete Lagoas, na Região Central, 1,2 mil pessoas confirmaram presença em manifestação na Praça da Feirinha, na Orla Lagoa Paulino, às 16h. Mais cedo, às 8h, um grupo combinou de seguir em carreata para participar dos eventos em Belo Horizonte.
Idealizador do movimento “Queromedefender”, que tem 276 mil seguidores no Facebook, o advogado Cláudio Camargo Penteado, um dos organizadores das manifestações de domingo, afirma estar surpreso com o crescimento do movimento.