Deputados em Minas garantem emprego a 59 mil servidores designados até o fim do ano

Assembleia Legislativa de Minas aprova emenda que permite aos efetivados sem concurso permanecer em seus cargos, vinculados ao INSS

Juliana Cipriani Isabella Souto
Independentemente da resposta do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o adiamento da demissão de 59 mil efetivados da educação – que, por determinação da Corte, estava marcada para 1º de abril –, eles já têm os empregos garantidos até 31 de dezembro.
Porém, se não houver decisão contrária até lá, passarão a ser vinculados a partir de abril ao Regime Geral de Previdência. A permanência do grupo foi legalizada com uma designação automática aprovada nessa terça-feira (10) por 53 deputados estaduais – 15 foram contra – dentro de um substitutivo à reforma administrativa do Executivo. O texto, primeiro do governo Fernando Pimentel (PT), que criou três secretarias e desmembrou mais uma, foi aprovado no início da noite dessa terça-feira depois de sete horas de uma sessão que ainda se estendia até o fechamento da edição. Por já ter ultrapassado prazo do regime de urgência para ser aprovada, a matéria passou em turno único e basta agora apenas a sanção do Executivo. “Caso dê tudo errado eles têm pelo menos o direito de permanecer até o fim do ano. É o mínimo que essa Casa pode oferecer a esses servidores”, afirmou o deputado Iran Barbosa (PMDB) ao pedir aos colegas a aprovação do artigo na hora da votação.

Apesar de um acordo entre governo e oposição ter chegado a ser anunciado no início do dia, a reunião foi longa e interrompida quatro vezes, inclusive durante a votação, para negociação. Depois de conseguirem a garantia da manutenção da Ouvidoria Geral do Estado com o status de secretaria, o que foi aprovado, os oposicionistas passaram a tentar modificar o artigo que assegurou uma nova designação aos efetivados da Lei 100.

O deputado João Leite (PSDB) chegou a dizer que o governo estava retirando direitos dos trabalhadores. Isso porque a única garantia foi do emprego. Eles deixam te ter direitos no Instituto do Previdência dos Servidores (Ipsemg) e passam a ser submetidos ao INSS.

A oposição queria que fosse permitida aos servidores, principalmente os que estão em licença de saúde ou gestação, a continuidade do atendimento e benefícios pelo Ipsemg, mas não conseguiu. Os técnicos da Casa alegaram que isso precisaria ser feito por lei complementar. Segundo o líder da maioria, Vanderlei Miranda (PMDB), além da permanência como designados, o estado vai fazer a nomeação de 15 mil concursados. Ele não soube precisar quantos deles estão entre os atingidos pela decisão do STF, que considerou inconstitucional a efetivação trazida pela Lei Complementar 100/2007 e, por isso, determinou a exoneração de todos. Miranda também não adiantou a data do ingresso dos concursados, somente disse que o governo assegurou que será muito breve. “Quero crer que a inclusão dessas pessoas e a possibilidade de conseguir mais prazo no STF venham a dar um fôlego para a educação”, disse o peemedebista.

A oposição votou contra a emenda da nova designação alegando que vai insistir na aprovação de uma proposta de emenda à Constituição que efetiva de novo sem concurso público os designados. Sem maioria na comissão especial, eles não conseguiram quórum para aprová-la e já falam na possibilidade de pedir perda de prazo para que a matéria vá direto a votação em plenário, onde eles também são minoria.

Diagnóstico

Nessa terça-feira, em mais uma tentativa de convencer os ministros do STF a adiarem para 9 de dezembro o prazo para que o estado demita os 59 mil designados, o governo mineiro protocolou no órgão um diagnóstico detalhado do quadro de pessoal do setor, em que apresentou detalhes da realização de concursos para substituir esses funcionários e nomeações já realizadas, além de uma previsão de novas provas. O documento será anexado ao recurso apresentado no ano passado, contrário à decisão do STF que declarou a Lei Complementar 100 inconstitucional e estabeleceu o prazo até 1º de abril para que todos os efetivados sejam demitidos e substituídos por concursados.

“Achamos de bom tom esclarecer todos os dados, mostrar tudo que já foi feito e o que ainda falta fazer, para embasar a decisão dos ministros”, afirmou nessa terça-feira ao Estado de Minas o secretário da Casa Civil e Relações Institucionais, Marco Antônio Rezende Teixeira. O relator da ação no STF, Dias Toffoli, optou por deixar nas mãos do plenário a decisão sobre um adiamento no prazo concedido para as demissões. No ano passado, foram realizados concursos para cerca de 20 mil vagas, mas os aprovados ainda não foram nomeados. A alegação do governo para adiar o prazo de demissões é que a medida geraria um prejuízo no ano letivo nas escolas.

A expectativa é de que o pedido do estado possa ser julgado até a semana que vem.

Paralelamente a este trabalho, o governo elabora um cronograma de novos concursos e projeção de nomeações. “Vamos fazer o que o governo anterior não fez”, afirmou nessa terça-feira o secretário de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães, referindo-se à gestão de Antonio Anastasia (PSDB), que deixou o cargo em abril para disputar uma vaga de senador, e Alberto Pinto Coelho (PP), que assumiu o governo.

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