Brasília - Diante da pressão de partidos para que os investigados na Operação Lava-Jato deixem os postos-chave na Câmara dos Deputados, o PP decidiu agir apenas na CPI da Petrobras e substituir Lázaro Botelho (TO) e Sandes Júnior (GO) pelos deputados Beto Rosado (RN) e Covatti Filho (RS). Mas a mudança chamou a atenção, pois um dos escolhidos é filho do ex-deputado federal Vilson Covatti, que também figura na lista que a Procuradoria-Geral da República encaminhou ao Supremo Tribunal Federal com os suspeitos de envolvimento no esquema de corrupção da estatal.
Na terça-feira, 10, a bancada do PSOL pediu à Corregedoria da Câmara que abra uma sindicância para apurar as denúncias de corrupção envolvendo os 22 deputados investigados no âmbito da Operação Lava-Jato. Os parlamentares do partido também pediram que aqueles que exerçam funções de comando na Mesa Diretora - como o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - e na CCJ sejam afastados de seus postos administrativos.
Os requerimentos foram apresentados pelo líder do PSOL, Chico Alencar (RJ). Ele defendeu que, além de Cunha, o deputado Waldir Maranhão (PP-MA) se licencie da primeira-vice-presidência e Arthur Lira (PP-AL) e Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) deixem temporariamente a presidência e a primeira-vice da CCJ. O apelo não foi aceito pelo colegiado e o PSOL ficou isolado. Já o pedido de apuração só será encaminhado à Corregedoria após análise prévia de Cunha.
Na CPI, parte da sessão de ontem foi tomada por apelos para que os citados no esquema de corrupção na estatal deixassem suas funções. "Espero que os partidos e os investigados revejam sua participação nesta CPI. Isso fere a credibilidade da CPI por razões óbvias", insistiu Alencar. O PSDB chegou a ameaçar acionar a Corregedoria Parlamentar caso a liderança do PP mantivesse os investigados na CPI. Eduardo Cunha vem defendendo que os investigados continuem em seus postos por tratar-se apenas de apuração preliminar.