Dilma havia vetado em janeiro deste ano uma emenda do DEM que aplicava um índice de 6,5% para todas as faixas do Imposto de Renda, o que, segundo a equipe econômica, traria um impacto de R$ 7 bilhões. Dilma defendia um porcentual menor, o centro da meta de inflação (4,5%), mas a base aliada ameaçou reverter a decisão da presidente e impor uma dura derrota ao Planalto em um ano de contenção de despesas.
A manutenção do veto na noite desta quarta-feira, 11, só foi possível graças a um acordo capitaneado pela cúpula do PMDB no Congresso. Renan encampou um texto pelo qual o reajuste variará entre 4,5% e 6,5%, de acordo com os ganhos do trabalhador: correção de 6,5% para faixa dos isentos (até R$ 1.903,98) e para os que têm renda até R$ 2.840,06; de 6% para rendimento até R$ 3.751,06; de 5% até R$ 4.664,68 e de 4,5% para ganhos mensais acima de R$ 4.664,68.
O custo para os cofres públicos deve ser menor, de cerca de R$ 6 bilhões, segundo o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que foi duas vezes ao Congresso ontem para negociar os termos do acordo. Para avalizá-lo, foi editada hoje uma Medida Provisória com os valores do reajuste escalonado.
Na sessão desta tarde, 239 deputados votaram pela anulação do veto de Dilma à correção do IR, resultado que não atingiu o mínimo necessário. Para a derrubada, o placar deveria ser de pelo menos 257 votos.
A reunião foi marcada por troca de críticas de parlamentares da base e da oposição. Para os oposicionistas, a proposta governista penaliza a classe média e não repõe as perdas da inflação. "Como a presidente Dilma edita uma MP para retirar poder do Parlamento brasileiro? A quem cabe decidir sobre uma proposição legislativa? Fica aqui a minha repulsa", declarou o líder do DEM na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE).