Principal opositor ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), o PSDB anunciou ontem apoio “irrestrito” às manifestações apartidárias contra o Palácio do Planalto marcadas para o próximo domingo, dia 15, em todo o país. O presidente da legenda, senador Aécio Neves, disse ontem reconhecer setores da sociedade que defendem o impeachment, mas esclareceu que “essa não é a agenda neste momento do PSDB”. Depois de reunião com a Executiva do partido, em Brasília, o senador informou que não irá a nenhum protesto para evitar acusações de que o país vive um terceiro turno eleitoral.
Apesar da ausência do presidente nos eventos, Aécio afirmou que militantes e líderes do PSDB vão às ruas no domingo. “A posição clara do PSDB é de apoio a essas manifestações, das quais ele não participa na sua organização, mas com a representatividade que têm os nossos militantes, os nossos companheiros estarão nas ruas do Brasil inteiro mostrando esse sentimento amplo e crescente de indignação”, disse Aécio, que decidiu não comparecer. “Exatamente para não dar força a esse discurso de que nós estamos vivendo o terceiro turno no Brasil”, reforçou.
A participação da legenda, nas palavras de seu presidente, é contra o “estelionato eleitoral” e as medidas adotadas pela presidente, “contrárias àquelas defendidas na época da campanha eleitoral”. Na nota oficial do PSDB sobre os eventos do domingo, o partido informou “se solidarizar com a indignação dos brasileiros diante da flagrante degradação moral e do desastre econômico-social promovidos pelo governo Dilma Rousseff”.
Aécio também cobrou de Dilma um pedido de desculpas à população e criticou o posicionamento dela em rede nacional de rádio e televisão, no último domingo. Em seu pronunciamento, a presidente atribuiu a dificuldade atravessada pelo país à crise financeira mundial e à seca. O discurso foi alvo de gritos e um panelaço. “Enquanto a presidente da República não vier a público fazer a sua mea culpa, pedir desculpas à população brasileira pelo descalabro moral do seu governo, pelos gravíssimos equívocos na condução das políticas na área de energia e no conjunto da economia, certamente, ela estará se distanciando cada vez mais do sentimento da população brasileira”, afirmou.
MANIFESTO O posicionamento de Aécio Neves, a favor das manifestações, mas sem apoiar impeachment, chama atenção para a participação de diversos grupos que não levarão para as ruas o pedido de afastamento da presidente. Com mais de 370 mil seguidores nas redes sociais, o movimento “Queromedefender” é um deles. “Tecnicamente, não há prova de que a presidente esteja envolvida em casos de corrupção. Queremos é dizer para os políticos que o povo está de saco cheio. A culpa não está só na Presidência, mas nos senadores, deputados”, afirma o organizador do movimento, o advogado Cláudio Camargo Penteado, que afirma que as manifestações são também reflexo das investigações da Operação Lava-Jato, que apura corrupção na Petrobras.
Em um manifesto, o movimento “Vem pra rua”, que tem mais de 280 mil adesões no Facebook, explica que juristas que acompanham o grupo não consideram que o impeachment poderia ter sucesso. Entretanto, eles entendem que o pedido do afastamento da presidente é como um grito de “basta”, na tentativa de “parar de sangrar e impedir o governo de sugar mais ainda os recursos da nação”. “O Vem Pra Rua, independentemente de sua posição jurídica em relação ao impeachment, decidiu mobilizar e chamar sua base às ruas neste 15 de março, em todo o Brasil, para nos juntarmos aos movimentos que querem libertar o povo brasileiro deste modelo falido de governo”, informa o grupo.