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Estado de Minas

PSDB apoia protestos e ministro da Justiça pede paz

Aécio diz que o PSDB é favorável aos protestos de domingo, mas vai evitar comparecer aos eventos para não reforçar o discurso petista de que se trata de um "terceiro turno"


postado em 12/03/2015 06:00 / atualizado em 12/03/2015 07:09

Principal opositor ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT), o PSDB anunciou ontem apoio “irrestrito” às manifestações apartidárias contra o Palácio do Planalto marcadas para o próximo domingo, dia 15, em todo o país. O presidente da legenda, senador Aécio Neves, disse ontem reconhecer setores da sociedade que defendem o impeachment, mas esclareceu que “essa não é a agenda neste momento do PSDB”. Depois de reunião com a Executiva do partido, em Brasília, o senador informou que não irá a nenhum protesto para evitar acusações de que o país vive um terceiro turno eleitoral.

Apesar da ausência do presidente nos eventos, Aécio afirmou que militantes e líderes do PSDB vão às ruas no domingo. “A posição clara do PSDB é de apoio a essas manifestações, das quais ele não participa na sua organização, mas com a representatividade que têm os nossos militantes, os nossos companheiros estarão nas ruas do Brasil inteiro mostrando esse sentimento amplo e crescente de indignação”, disse Aécio, que decidiu não comparecer. “Exatamente para não dar força a esse discurso de que nós estamos vivendo o terceiro turno no Brasil”, reforçou.

Segundo o senador, a avaliação é de que o movimento de domingo “quanto menos partidário for mais consistente ele será”. De acordo com Aécio, a presença informal dos militantes não pode ser entendida como apoio ao impeachment da presidente, bandeira levantada por vários grupos que estão organizando as manifestações. “Não proibimos e nem estamos proibidos de dizer a palavra impeachment. Ela apenas não está na agenda do PSDB”, afirmou o senador.

A participação da legenda, nas palavras de seu presidente, é contra o “estelionato eleitoral” e as medidas adotadas pela presidente, “contrárias àquelas defendidas na época da campanha eleitoral”. Na nota oficial do PSDB sobre os eventos do domingo, o partido informou “se solidarizar com a indignação dos brasileiros diante da flagrante degradação moral e do desastre econômico-social promovidos pelo governo Dilma Rousseff”.

Aécio também cobrou de Dilma um pedido de desculpas à população e criticou o posicionamento dela em rede nacional de rádio e televisão, no último domingo. Em seu pronunciamento, a presidente atribuiu a dificuldade atravessada pelo país à crise financeira mundial e à seca. O discurso foi alvo de gritos e um panelaço. “Enquanto a presidente da República não vier a público fazer a sua mea culpa, pedir desculpas à população brasileira pelo descalabro moral do seu governo, pelos gravíssimos equívocos na condução das políticas na área de energia e no conjunto da economia, certamente, ela estará se distanciando cada vez mais do sentimento da população brasileira”, afirmou.

MANIFESTO O posicionamento de Aécio Neves, a favor das manifestações, mas sem apoiar impeachment, chama atenção para a participação de diversos grupos que não levarão para as ruas o pedido de afastamento da presidente. Com mais de 370 mil seguidores nas redes sociais, o movimento “Queromedefender” é um deles. “Tecnicamente, não há prova de que a presidente esteja envolvida em casos de corrupção. Queremos é dizer para os políticos que o povo está de saco cheio. A culpa não está só na Presidência, mas nos senadores, deputados”, afirma o organizador do movimento, o advogado Cláudio Camargo Penteado, que afirma que as manifestações são também reflexo das investigações da Operação Lava-Jato, que apura corrupção na Petrobras.

Em um manifesto, o movimento “Vem pra rua”, que tem mais de 280 mil adesões no Facebook, explica que juristas que acompanham o grupo não consideram que o impeachment poderia ter sucesso. Entretanto, eles entendem que o pedido do afastamento da presidente é como um grito de “basta”, na tentativa de “parar de sangrar e impedir o governo de sugar mais ainda os recursos da nação”. “O Vem Pra Rua, independentemente de sua posição jurídica em relação ao impeachment, decidiu mobilizar e chamar sua base às ruas neste 15 de março, em todo o Brasil, para nos juntarmos aos movimentos que querem libertar o povo brasileiro deste modelo falido de governo”, informa o grupo.


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