No dia 8, em mensagem sobre o Dia Internacional da Mulher, o padre escreveu: "Parabéns às que abraçaram a maternidade com amor. Meus sentimentos e orações à mulher egoísta e, por fim, fora Dilma, fora Dilma".
Michelino, de 49 anos, dirige o jornal desde fevereiro de 2014. Foi nomeado pelo arcebispo de São Paulo, cardeal Odilo Scherer. Ele é pároco da Igreja Nossa Senhora do Brasil, nos Jardins, bairro nobre da capital.
O post provocou um debate no Facebook com outro padre, Antonio Aparecido Pereira, que também já dirigiu O São Paulo. Ele escreveu: "Meu Deus, padre Michelino! Diz a sabedoria popular que prudência e caldo de galinha não faz mal a ninguém. Você já é conhecido como diretor de O São Paulo, um jornal que lutou pela redemocratização do Brasil. Dizer fora para alguém eleito democraticamente é perigoso.
Em resposta, Michelino afirmou: "Creio que, ao manifestar publicamente minha indignação contra um governo que mentiu para ser eleito, estou em perfeita conformidade com a tradição do jornal que dirijo".
O São Paulo não publicou nenhum texto sobre um eventual afastamento da presidente. Na edição desta semana, que circula pelas paróquias da capital, o editorial intitulado "Oposição é necessária e faz bem" defende o panelaço ocorrido no domingo, durante pronunciamento de Dilma.
Na segunda-feira, 9, o padre voltou ao Facebook para comentar a polêmica nas redes sociais sobre o panelaço. "Engraçado a lógica de alguns… Na época de Collor - eu saí nas ruas com a cara pintada -, pedir o impeachment do presidente era democrático. Pedir o impeachment da Dilma é golpismo. Dois pesos, duas medidas!!!", escreveu. "Só tenho uma objeção a fazer ao impeachment da Dilma: o PMDB vai lucrar de novo???? Ai, que dor e falta de esperança. Só Jesus salva!"
Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o pároco da Nossa Senhora do Brasil disse que suas manifestações nas redes sociais refletem o que ele pensa como cidadão. "Tenho o direito de me manifestar", afirmou. Ele disse não ter posições partidárias: "Eu me comprometo com as causas, não com os partidos."
O padre explicou que suas manifestações não necessariamente refletem a posição de O São Paulo. "A posição do jornal será consolidada por um conselho editorial que está sendo formado."
Oficialmente, a Igreja Católica não se manifestou em relação a pedidos de "Fora Dilma". A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) defende prioridade para a reforma política.
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