Apesar de haver 34 parlamentares na lista de investigados até o momento, Cunha voltou a afirmar em entrevista após a sessão que a crise não é do Legislativo e que o Executivo tenta se eximir de responsabilidade.
"A corrupção não está no Poder Legislativo.
Cunha foi festejado por dezenas de deputados e pressionado apenas por dois deles, Ivan Valente (PSOL-SP), e Clarissa Garotinho (PR-RJ), filha do ex-governador do Anthony Garotinho (RJ), antigo aliado e hoje desafeto do deputado. Para o presidente da Câmara, se a sessão foi leve, isso se deve à fragilidade dos argumentos de Janot.
"Não tem nem fácil nem difícil, nem leve nem pesado. Tem os fatos. Me ative aos fatos.
Questionado sobre a seriedade da CPI, Cunha defendeu a comissão presidida por seu aliado Hugo Motta (PMDB-PB). "A Casa tem uma CPI que está funcionando e está funcionando tão bem que vim aqui prestar os esclarecimentos para ela com toda normalidade", disse.
Após apontar fragilidades na petição que pede que senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) seja investigada, Cunha foi poupado até por petistas. "O que quis dizer é que o procurador escolheu quem quis investigar. Até citei que as motivações que ele colocou para a senadora Gleisi Hoffmann são absurdas. Ou ele abriria para todo mundo ou não deveria ter aberto para ela", afirmou, apontando fragilidades também na peça da Procuradoria-Geral da República que poupou o senador Delcídio Amaral (PT-MS) de ser investigado.
Eduardo Cunha foi à CPI voluntariamente. A comissão ainda não aprovou nenhum requerimento de convocação de políticos ou empreiteiros. Questionado se outros parlamentares, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), deveriam fazer o mesmo, Cunha os poupou. "Não vou aqui utilizar o expediente, pelo fato de eu ter feito, para constranger quem quer que seja. Cada um sabe do exercício de seu mandato e daquilo que deve fazer".
Perguntas
Em seu depoimento à CPI, Cunha se recusou a abrir espontaneamente seus sigilos fiscal, bancário e telefônico. Afirmou que só faria isso se instado pela comissão. O pedido foi feito por Ivan Valente e reiterado por Clarissa Garotinho.
"(Não quis abrir espontaneamente meus sigilos) porque achei que aquilo era uma atitude hipócrita, apenas fazer uma bravata única e exclusivamente para constranger todos aqueles que foram citados a fazer o mesmo.
Em entrevista, Cunha respondeu a um questionamento de Clarissa Garotinho que havia deixado sem resposta durante a sessão. A deputada perguntou se o presidente da Câmara possui contas no exterior ou se é sócio de empresa offshore. "Não tenho nenhum recurso, não sou sócio de nenhuma empresa. Tudo o que eu tenho está no meu imposto de renda", afirmou. "Não sou sócio de nenhuma offshore, não mantenho conta no exterior de nenhuma natureza"..