Ontem, ao depor na CPI da Petrobras, o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), voltou a acusar Janot de adotar um critério político para pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de uma investigação contra ele. Durante a sessão, Cunha recebeu elogios por praticamente todos os partidos, inclusive aqueles que têm parlamentares entre os investigados pela PGR.
O procurador-geral disse acreditar que os "homens de bem" que integram a instituição "não se quedarão inertes" e que "os cidadãos que pagam impostos e que cumprem com seus deveres cívicos saberão, nessa hora sombria e turva da nossa história, distinguir entre o bem e mal, entre a decência e a vilania, entre aqueles que lutam por um futuro para o País e aqueles que sabotam nosso sentimento de nação".
Ao falar aos procuradores, Janot afirmou que o esquema de corrupção na Petrobras foi exposto ao País "pelos esforços do Ministério Público" e também pela atuação do órgão os "verdadeiros culpados irão responder judicialmente e sofrerão as penas cabíveis".
"Tenho 31 anos de Ministério Público e sempre servi à causa da sociedade com honra e denodo. Não vou permitir que, neste momento da vida funcional, interesses vis ou preocupações que estejam além do Direito influenciem o meu agir", disse Janot. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), também investigado na Lava Jato, desistiu de encampar uma CPI para investigar o Ministério Público, mas pretende articular para rejeitar a recondução de Janot, cujo mandato vence em setembro, ao cargo de procurador-geral da República. Ontem, o deputado Paulinho da Força (SD-SP) apresentou requerimento à CPI da Petrobras pedindo a quebra do sigilo dos e-mails e dados telefônicos de Janot.
Hoje, Janot lembrou da carta encaminhada aos integrantes do Ministério Público brasileiro, antes da retirada do sigilo do material sobre envolvimento de políticos na Lava Jato. Na ocasião, disse não ter o dom de prever o futuro, mas pediu que os procuradores se mantivessem "unidos e fortes". Depois de recordar o recado, disse aos colegas: "De fato, não seriam necessários dons premonitórios.
"Tenham uma certeza: unidos no mesmo propósito, chegaremos ainda mais fundo nesse caso, sem considerar cargos, títulos ou honrarias de quem quer que seja", disse hoje o procurador-geral. "Ao bom combate!", finalizou..