Falcão disse que o partido vai se reunir após os protestos deste domingo (15) para avaliar os próximos passos a serem tomados. "Existe um calendário, sim, no final do mês eu pretendo chamar todos os presidentes estaduais (do PT) para uma reflexão sobre a conjuntura, e nós vamos multiplicar esses atos. O nosso povo está indo para a rua", afirmou.
Ele explicou que também existe a intenção de construir um "bloco político maior do que o PT", com a participação de entidades, organizações e partidos de esquerda, para avançar na reforma política e em outros projetos que o partido apoia, como a democratização dos meios de comunicação. "Nós não vamos ser nunca linha auxiliar da oposição, mas também não somos beija-mão da situação. Temos nossa independência, nossa autonomia, e queremos ajudar o governo a avançar."
Perguntado sobre a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas discussões sobre os rumos do partido, Falcão disse que Lula é a maior liderança nacional do Brasil. "Ele é a maior liderança que o País já produziu.
Popularidade
Falcão afirmou que não vê crise econômica nem política no Brasil. Sobre o quadro político, avaliou que, diferentemente de uma crise, o que ocorre é um "jogo do Congresso com o Executivo". Algo que, segundo ele, já está sendo solucionado. E tratou a crise econômica como "dificuldades passageiras" que decorrem de uma crise mundial da qual o governo petista protegeu os brasileiros nos últimos 12 anos. "Essas dificuldades serão vencidas", disse.
Ele afirmou que considera natural que a popularidade da presidente Dilma Rousseff tenha caído nas pesquisas feitas no início do ano. "No momento tínhamos uma conjugação de crise de falta de água em São Paulo e outras regiões, aumento natural que ocorre todo ano no IPVA, IPTU, nas tarifas de transporte e de energia. Era natural que houvesse um declínio da popularidade", disse. "Mas estamos confiantes, pelas políticas que nosso governo vem fazendo, pelo tratamento que está dando à crise e pela perspectiva de futuro para o nosso País, de que certamente ela vai retomar a popularidade."
Segundo Falcão, Dilma tem se dedicado a ouvir a população e "vai continuar a fazer isso, seja em Brasília ou nos eventos de que participa". Na sexta-feira (13), em um ato de defesa da Petrobras, no Rio de Janeiro, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, desafiou a presidente a sair "do palácio" e "ouvir o povo". Stédile é esperado neste sábado (14) à tarde no seminário do PT gaúcho, para participar do painel denominado "As lutas sociais no Brasil no atual momento político e o Recrudescimento Conservador". O evento é fechado à imprensa.
Perguntado sobre a citação de políticos petistas no âmbito da investigação Lava Jato, Falcão voltou a dizer que a "simples menção numa lista apontada por delatores não é sinal de culpa". Segundo ele, o PT defende que todos os políticos, independentemente do partido, supostamente envolvidos sejam ouvidos e tenham direito à defesa.
"No caso do PT, acreditamos na inocência de todos que foram citados. Caso se comprove com relação a qualquer militante culpa formada e condenação, o PT tem um estatuto que prevê punições, e a mais grave é a expulsão", disse.
Impeachment
O presidente nacional do PT afirmou que o partido não está "apreensivo" com os protestos previstos para este domingo (15) no País contra o governo da presidente Dilma Rousseff. Segundo ele, a legenda encara esse tipo de manifestação com naturalidade. "O que nós achamos que não podemos permitir é que haja violência, estímulo ao quebra-quebra e rompimento da legalidade, porque houve uma eleição. Quem quiser mudar a presidente deve esperar 2018", disse.
Falcão argumentou que não existe "nenhuma base" para se discutir um processo de impeachment. "Não há um fato jurídico, um fato concreto que motive qualquer pedido de impedimento, e do ponto de vista político menos ainda porque as pessoas relutam em falar nisso", disse, acrescentando que as instituições no País estão funcionando a pleno vapor, punindo corruptos e corruptores. "Quem não quer a presidente, quem não quer o nosso governo, espere até 2018 para disputar nas urnas."
As declarações seguem o mesmo tom adotado pelo presidente petista em vídeo publicado na quinta-feira (12) direcionado à militância. Em Porto Alegre, ele elogiou os atos pró-Dilma realizados nesta sexta-feira (13) em 24 Estados pelo fato de terem ocorrido pacificamente. "No País todo houve manifestações. Em São Paulo ocorreu a maior delas, com mais de 50 mil pessoas, sem conflito, violência ou quebradeira", disse. Falcão ressaltou que os manifestantes defenderam a democracia, a reforma política e a Petrobras, mas também questionaram algumas políticas que o governo federal vem implementando e sobre as quais está "dialogando" com a sociedade.
Sobre a expectativa para os protestos anti-Dilma programados para este domingo (15), organizados pelas redes sociais, Rui Falcão afirmou que parecem ter "várias bandeiras".
Falcão chegou à capital gaúcha na manhã deste sábado (14) para participar de um seminário organizado pelo PT do Rio Grande do Sul. O ex-governador gaúcho Tarso Genro também está presente, assim como deputados federais e estaduais. O evento é fechado à imprensa..