De norte a sul do país, os brasileiros foram nesse domingo às ruas protestar contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), contra o PT e exigir um basta na corrupção. Somente em São Paulo, mais de 1 milhão de pessoas ocuparam a Avenida Paulista. Em outras cidades e capitais, milhares de manifestantes se vestiram com as cores da bandeira do Brasil para gritar “fora Dilma” e “fora PT”. Em Belo Horizonte, 24 mil pessoas se concentraram na Praça da Liberdade pela manhã e início da tarde. Ao longo do dia, grupos usando verde e amarelo continuavam nas ruas da capital. Em Brasília, onde houve confronto entre manifestantes e a Polícia Militar (PM) e pelo menos três pessoas foram detidas, 50 mil tomaram a Esplanada dos Ministérios, e no Rio de Janeiro, mais 25 mil foram à Praia de Copacabana. À noite, os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, concederam entrevista coletiva para avaliar as manifestações e anunciaram que, nos próximos dias, a presidente Dilma Rousseff vai anunciar pacote anticorrupção. Em reação ao pronunciamento do Palácio do Planalto, houve novamente panelaço nas principais cidades brasileiras. Na capital mineira, o panelaço foi ouvido nos bairros Sion, São Bento, Funcionários e Santa Lúcia, entre outros.
O impeachment da presidente, aliás, foi um dos principais motes. Em São Paulo, onde é forte a influência do PSDB, a indignação tomou a Avenida Paulista. Alguns cantaram o Hino Nacional e outros tinham camisas pretas pedindo a saída de Dilma. Houve até um carro de som pedindo intervenção militar com uma mensagem em inglês. Um rojão foi jogado em frente ao Masp, próximo a um casal, mas ninguém se feriu. O ex-jogador de futebol Ronaldo pintou o rosto de verde e amarelo e usou uma camisa com os dizeres: “A culpa não é minha. Eu votei no Aécio”. Em uma área do grupo Vem pra Rua, o ator Malvino Salvador disse pedir uma agenda para o Brasil com saúde e educação e não o impeachment. “Dilma foi eleita democraticamente, mas o país tem problemas”, afirmou.
No Rio de Janeiro, 15 mil manifestantes de diferentes idades e ideologias caminharam pela orla de Copacabana durante a manhã. Alguns pediram intervenção militar. O deputado Jair Bolsonaro (PP) foi vaiado e impedido de discursar ao ser chamado para falar em um carro de som, apesar de também ter sido aplaudido por alguns.
Em Porto Alegre, base política da presidente, milhares de pessoas também foram para as ruas da cidade. Com roupas verde-e-amarelo e bandeiras, os manifestantes pediram reformas, mais saúde e educação, além do afastamento da presidente. Em Brasília, os gritos eram de “fora PT, leva a Dilma com você” e “nossa bandeira nunca será vermelha”. Também ocorreram protestos no Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina, Sergipe e Tocantins. Com bandeiras, cartazes, balões e caras pintadas, brasileiros também protestaram em Nova York, Londres, Miami, Lisboa e Sidney.