Grupos que foram às ruas divergem sobre próximos passos

São Paulo - Os principais organizadores das manifestações que lotaram a Avenida Paulista no domingo, 15, divergem sobre os próximos passos do movimento "Fora Dilma", depois de terem sido surpreendidos com o número de pessoas que foram às ruas.
Enquanto o Movimento Brasil Livre (MBL) já tem data marcada para o próximo ato, 12 de abril, e pretende entregar nesta semana um pedido formal de impeachment ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o Vem Pra Rua, de discurso mais moderado, é mais cauteloso e não fala em quais iniciativas pretende tomar a partir de agora.

Líder do MBL, o empresário Renan Santos, de 30 anos, disse que vai anexar ao pedido de impeachment assinaturas colhidas durante a manifestação. Até ontem à noite, o grupo ainda não tinha contado quantas pessoas assinaram a petição. "A população está indo às ruas contra o governo Dilma Rousseff porque decidiu não sangrar por mais três anos. Quer o fim do governo simplesmente porque o governo já acabou", disse. Os atos no dia 12, segundo ele, ocorrerão "em todo o Brasil". "Queremos também organizar mais encontros para promover as ideias liberais."

Recado

Já o empresário Rogério Chequer, porta-voz do Vem Pra Rua, disse ainda não saber quando organizará o próximo ato. "Estamos analisando várias possibilidades, mas não necessariamente serão eventos de massa", afirmou.
Diferentemente do MBL e de outros grupos contra o governo, o Vem Pra Rua defende o "Fora Dilma", mas não é a favor do impeachment. O grupo não planeja levar nenhum abaixo-assinado até Brasília, mas acredita que o recado foi dado aos políticos. "O legislativo não pode ignorar o que está acontecendo neste dia de hoje. E, se Deus quiser, o governo agora vai tomar mais cuidado com o que faz e com o que fala."

Chequer considera que a grande quantidade de pessoas nas ruas mostrou uma força popular que começa a tomar vida própria. "Não é mais tão dependente do movimento", avaliou. O empresário acredita que, de agora em diante, o monitoramento em torno das ações do governo e do Legislativo será feito de forma mais eficiente. "Este canal povo-governo não está funcionando. Acho que de agora em diante este canal vai funcionar cada vez mais." .