O cientista político Christopher Garman, do Eurasia Group, afirmou nesta segunda-feira, que há um desencanto em relação ao governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Segundo ele, a presidente sofre com perda de apoio, mas as pessoas dispostas a irem às ruas pedir impeachment estão concentradas nos centros urbanos. "Temos de lembrar que fazer impedimento da presidente é algo difícil e no sistema presidencialista dirigentes conseguem sobreviver a períodos difíceis, com baixos índices de aprovação", disse o cientista do Eurasia, citando o exemplo da Argentina.
Garman disse que, mesmo com as incertezas das manifestações, em sistemas presidencialistas não é fácil implantar um processo de impeachment. "Ainda mais de uma presidente que integra o maior partido de esquerda do País", emendou. E disse que, apesar de ser um risco difícil de mensurar, atribui uma probabilidade de 20% para o impeachment. E reiterou: "Se ocorrer, será um processo mais para 2016 do que para este ano".
Bala de prata
Para o cientista político João Augusto de Castro Neves, também do Eurasia Group e especialista em América Latina, não existe uma bala de prata para solucionar a atual crise. "Estão anunciado pacote anticorrupção e projeto de reforma política, acredito que haverá pactos similares aos feitos por ocasião dos protestos de 2013, mas não rendem dividendos imediatos para o governo, no curto e médio prazo o governo só conseguirá mostrar resultado se agir para conter a crise na Petrobras", destacou Castro Neves, exemplificando com a divulgação do balanço da estatal e a melhoria em sua governança.
No "day after" das mobilizações que levaram multidões às ruas de todo o País contra o governo da presidente Dilma Rousseff (PT), a GO Associados realiza, na tarde desta segunda-feira, 16, teleconferência com Garman e com Castro Neves, do Eurasia Group, e com especialistas em América Latina, para comentar o atual cenário e discutir os impactos políticos e econômicos que essas manifestações podem trazer para o País.
Um dos sócios da GO Associados, o ex-presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Sabesp Gesner Oliveira falou da importância dessa análise após as manifestações, principalmente para saber se houve mudança no cenário.