O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta segunda-feira, 16, em coletiva de imprensa na sede da Fiesp, em São Paulo, que "a corrupção no Brasil não está no Poder Legislativo, está no poder Executivo". Em tom de crítica, Cunha disse que não acusava o governo de conivência com a corrupção, mas por problemas de governança.
"A corrupção não está no poder Legislativo, a corrupção está no poder Executivo. Se eventualmente alguém do Poder Legislativo se aproveitou da situação para dar suporte político em troca de benefícios indevidos é porque esses benefícios existiram pela falta de governança do Poder Executivo, que permitiu que a corrupção avançasse", argumentou Cunha. "Não vou dizer por conivência, vou dizer por governança", completou o peemedebista, que foi citado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, na lista de investigados da Operação Lava Jato.
Mais cedo, durante a reunião fechada que teve com empresários paulistas, Cunha já havia criticado o Partido dos Trabalhadores. "O PT não tem opositores, tem inimigos. Não tem amigos, tem súditos", disse, segundo interlocutores. Questionado sobre a declaração durante a coletiva, Cunha disse que apenas repetiu uma frase que usava durante a campanha para a presidência da Câmara, sem dar mais explicações sobre o contexto. Cunha foi aplaudido algumas vezes pelos empresários, mas não quis dizer se as palmas vieram nos momentos de críticas ao PT e ao governo.
Cunha disse que não viu o Poder Legislativo como foco das manifestações e que o País vive uma crise política que tem que ser resolvida politicamente. Perguntado sobre um conselho que daria à presidente Dilma para solucionar a crise, Cunha sugeriu que fosse apresentada uma agenda de mudanças para a população.
Cunha anunciou que vai instalar amanhã uma comissão na Câmara para debater o pacto federativo. Segundo Cunha, o grupo vai ser chefiado pelo deputado Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) e vai percorrer o País para discutir o papel dos entes federados, mas não pretende implantar "mudanças bruscas".
"O objetivo é discutir tudo: obrigações e receitas dos entes federados. A reforma tributária ou a discussão sobre tributos passa a ser parte disso. Não quer dizer que a gente quer tirar receita da União, passar para municípios ou Estados, nada que tenha mudança brusca. Queremos debater o que fica de responsabilidade de cada ente federado, quais as obrigações e como financiar essas obrigações", explicou Cunha.