Lula quer mais espaço para PMDB

Jorge Macedo - especial para o EM

Brasília - Durante jantar no Palácio da Alvorada, na noite dessa segunda-feira  (16), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou à presidente Dilma Rousseff que ela precisa dar mais espaço para o PMDB no núcleo decisório do governo.

Menos de 12 horas depois, o vice-presidente Michel Temer conduzia uma reunião, ao lado do chefe da Casa Civil, Aloízio Mercadante, com líderes da base aliada, para discutir o ajuste fiscal, o pacote anticorrupção e a reforma política.

Lula e alguns aliados diagnosticaram a Dilma que o modelo pensado por ela para o ministério, escolhendo nomes considerados politicamente fortes para dialogar com os partidos, falhou. “Dilma tem que fazer uma mudança profunda nesse ministério”, defendeu um petista graduado.

Vários nomes do primeiro escalão caíram em desgraça. O chefe da Casa Civil, Aloízio Mercadante, foi alijado da articulação política após as sucessivas derrotas e equívocos cometidos pelo governo. Não concede sequer entrevistas para avaliar as manifestações contra o governo. “Enquanto isso, o Jaques Wagner, que é muito mais habilidoso, está esquecido no Ministério da Defesa cuidando de submarinos nucleares”, ironizou outro petista.

Outro que perdeu prestígio é o ministro da Educação, Cid Gomes. Além dos descompassos na pasta, ele terá uma tarde difícil hoje na Câmara, onde terá de explicar quem são os “300 ou 400 achacadores” do governo. Ele recebeu instruções do Planalto para se retratar.
Mas também foi avisado. “Você vai sangrar naquele plenário.”

Livre da lista do procurador da República, Rodrigo Janot, o ex-presidente da Câmara Henrique Eduardo Alves deve ser incluído no primeiro escalão. Setores do PMDB defendem que ele substitua Pepe Vargas na Secretaria de Relações Institucionais (SRI) — vaga que também poderia ser ocupada pelo atual ministro da Aviação Civil, Eliseu Padilha. Mas Henrique tem sinalizado que gostaria de ir para a Integração Nacional, já que o PP de Gilberto Occhi está desgastado graças à Operação Lava-Jato.

Caso Alves vá para o Ministério do Turismo, o atual titular Vinicius Lages, apadrinhado pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), poderia ser deslocado para a secretaria-executiva do Ministério da Agricultura. “Ele é novo, tem uma longa carreira política pela frente, não seria um rebaixamento”, defendeu um interlocutor palaciano. (PTL)

PROPOSTAS DO GOVERNO
Confira as medidas anticorrupção que o governo encaminhará ao Congresso


» Criminalização do caixa dois em campanhas eleitorais
» Punição a agentes públicos por enriquecimento incompatível com os ganhos auferidos
» Perda de bens adquiridos por meio de atividade ilícita
» Celeridade no julgamento de processos que envolvam desvios de recursos públicos
» Mais rapidez no julgamento de pessoas com foro privilegiado

 

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