O Ministério Público Estadual (MPE), com o apoio da Policia Militar, deflagrou, nesta quarta-feira, uma operação para desmontar um esquema fraudulento na Prefeitura de Jaíba (Norte de Minas), que, de acordo com as investigações, envolve desvios estimados em R$ 10 milhões. Ao todo, 30 pessoas foram conduzidas coercitivamente para prestarem depoimentos na Comarca de Manga (a 60 quilômetros de Jaíba), entre elas o ex-prefeito e o médico Wellington Pacífico Campos de Lima (PP), dois vereadores, empresários e cinco secretários municipais, que, por determinação da Justiça, foram afastados dos seus cargos por seis meses.
A ação de hoje foi denominada “Operação Ração de Papagaio”. De acordo com o MPE, o nome faz referência ao código utilizado por um dos secretários municipais ao pedir o pagamento de propina a determinado fornecedor do município. Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão de documentos na prefeitura de Jaiba (que ficou fechada durante uma hora, na parte da manhã) e nas casas e empresas dos suspeitos.
O ex-prefeito e médico Wellington Campos, que administrou o município no período de 2005 a 2008, é irmão do atual prefeito da cidade, Enoch Vinicius Campos de Lima (PDT). Segundo as investigações, ele teria sido beneficiado em processo licitatório, sendo contratado para a realização de consultas de psiquiatria, embora não tenha especialização na área, pelo valor de R$ 42.350,00. Em 12 meses, recebeu R$ 508,2 mil. Também há suspeitas sobre a quantidade de consultas pagas, pois um relatório aponta que em apenas um dia, no horário das 7 às 19 horas, foram realizadas 82 consultas.
Por decisão do juiz Eliseu Leite Fonseca, da Comarca de Manga, com base nas investigações do MPE,foram afastados dos seus cargos os secretários municipais Geórgia Karoline Lelis (Assistência Social), que é mulher do ex-prefeito Wellington Campos, Marc os Aurélio Amorim de Oliveira (Administração e Finanças), Hudson Aparecido Pena Arruda (Saúde), Romero Fernandes Oliva (Meio Ambiente, Esporte e Turismo) e Rogério Guedes de Aguiar (Agricultura Familiar) , juntamente com o chefe do Hospital Municipal de Jaiba, Augusto Regis Valente Neto. Eles são suspeitos do recebimento de propina na contratação de obras e serviços e do recebimento indevido de diárias, entre outras irregularidades.