Brasília - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou ontem que não esperava resultado diferente na pesquisa Datafolha, que mostrou desaprovação de 62% à presidente Dilma Rousseff, a mais alta de um mandatário desde setembro de 1992, véspera do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. “Alguém tinha uma expectativa diferente? A rua já mostrou isso no domingo”, declarou Cunha, que tem uma relação conflituosa com a presidente, apesar de ser de um partido aliado.
O peemedebista afirmou que é preciso ver o que o Planalto fará para recuperar sua popularidade. “O governo tem que agir, está no início, não espere que vai ficar sem mobilidade, tem todo o processo político de um mandato inteiro para ser cumprido, então não vai ficar parado chorando”, disse.
Cunha ressalta que a Câmara vai apreciar as propostas enviadas pelo governo federal para combater a baixa popularidade, mas que a Casa poderá ter uma pauta diferente ou contribuir com essas propostas. Ele elogiou a iniciativa do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, de ir ao Congresso discutir as medidas do ajuste fiscal e apresentá-las. “Acho um ganho positivo a presença dele”.
Para o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a alta desaprovação de Dilma não passa de uma fotografia do momento. Segundo ele, até o fim do mandato, outras pesquisas trarão cenários melhores para a presidente. “Tenho absoluta certeza de que a presidente Dilma, nos quatro anos de mandato, terá magnífico desempenho e as bandeiras serão plenamente satisfeitas, com justiça, combate permanente à corrupção e à exclusão social”, disse.
Conforme mostrou o Datafolha, 62% dos brasileiros classificam a gestão Dilma como ruim ou péssima. Há 22 anos, quando o ex-presidente Fernando Collor estava prestes a cair, sua reprovação era de 68%. A pesquisa ainda trouxe outro dado negativo para a presidente, uma vez que somente 13% dos 2.842 eleitores entrevistados avaliam sua gestão como boa ou ótima, o que representa o índice mais baixo desde seu primeiro governo. As taxas mais altas de rejeição estão nas regiões Centro-Oeste (75%) e Sudeste (66%). A região Norte é que tem a maior taxa de aprovação (21%).
CONGRESSO O instituto ouviu também a opinião dos brasileiros sobre o Congresso. A pesquisa mostra que somente 9% consideram ótimo ou bom o desempenho dos deputados e senadores. Para metade da população (50%), a atuação dos congressistas é ruim ou péssima. A pesquisa Datafolha foi feita com 2.842 entrevistados em 172 municípios entre segunda-feira e terça-feira (17). A margem de erro do levantamento é de 2 pontos porcentuais.