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Estado de Minas

Filho de ex-diretor da Petrobras é suspeito de participar da corrupção na estatal

CPI da Petrobras quer saber se Daniel Duque, que trabalhou em petrolífera francesa, atuou com o pai, então diretor da estatal, no esquema de pagamento de propina em contratos


postado em 20/03/2015 06:00 / atualizado em 20/03/2015 07:39

Renato Duque só quebrou o silêncio em seu depoimento para defender a mulher e o filho(foto: Gabriela Korossy)
Renato Duque só quebrou o silêncio em seu depoimento para defender a mulher e o filho (foto: Gabriela Korossy)

Brasília - A suspeita de que o filho de Renato Duque tenha atuado com o pai fez o ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras quebrar o silêncio na CPI que investiga irregularidades na estatal. Denunciado e preso por corrupção, formação e quadrilha e lavagem de dinheiro pela Operação Lava-Jato, Duque se recusava a responder às perguntas dos deputados, exceto quando envolviam a família dele. Daniel Tibúrcio Duque trabalhou na petrolífera francesa Technip, que se associou à UTC Engenharia em 2001 e ajudou a construir a plataforma P-56 da Petrobras.

A deputada Eliziane Gama (PPS-MA) questionou o trabalho de Tibúrcio na sócia da UTC, empresa que tem “relações inclusive com o ex-presidente (Luiz Inácio) Lula (da Silva)”. “Estaria seu filho envolvido nesse esquema e correndo o risco de ser preso ou seria ele uma vítima deste emaranhado de corrupção?”, disse Eliziane. Duque negou conflito de interesses: “Quando ele foi requisitado, consultei o jurídico da Petrobras e me disseram que não havia nenhum impedimento”. A assessoria da Petrobras não prestou esclarecimentos sobre as declarações do ex-diretor de Engenharia.

Eliziane não se convenceu. “Estamos fazendo um cruzamento das informações prestadas por Renato Duque e o que temos publicado pela própria Petrobras”, disse ela. “Caso tenha mentido, tomaremos as providências.” O advogado de Duque, Alexandre Lopes, disse que a relação que a deputada tentou fazer não tem “nada a ver”. A UTC e a Technip não prestaram esclarecimentos ao jornal.

Em 2011, a Technip fez uma parceria com a Odebrecht Óleo e Gás para fretar e operar dois navios para a Petrobras durante cinco anos, por US$ 1 bilhão (R$ 3,29 bilhões). A assessoria da Odebrecht afirmou desconhecer a presença de Tibúrcio no corpo profissional da sócia e negou que ele tivesse participado de qualquer negociação na sociedade. Tibúrcio é economista, trabalhou pela Technip em Houston ( EUA), e no Brasil, segundo informou Duque. Foi selecionado por um caça-talentos e hoje toca negócio próprio no Brasil, disse o ex-diretor.

Na sessão da CPI, Duque ainda negou parentesco com o ex-ministro José Dirceu e disse que sua esposa nunca pediu ajuda a Lula ou a Paulo Okamotto, homem de confiança do ex-presidente, para tentar tirar o marido da prisão. O ex-diretor também negou conhecer o doleiro Alberto Youssef, mas ficou em silêncio ao ser questionado sobre o tesoureiro do PT, João Vaccari.

A defesa orientou Duque a permanecer calado para não dar munição ao Ministério Público antes de se inteirar completamente das acusações e das provas contra o ex-diretor. “Não vou antecipar o depoimento dele num ambiente conturbado como este aqui (na CPI). Ele já terá que fazer isso perante o juiz”, disse o advogado de Duque, Alexandre Lopes. “É uma estratégia de defesa.”

Queiroz na cadeia

O ex-deputado federal Romeu Queiroz, condenado a seis anos e seis meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do mensalão, perdeu o direito de trabalhar fora da cadeia. Em decisão publicada nessa quinta-feira (19), o juiz substituto da Vara de Execuções Criminais de Ribeirão das Neves, Bruno Henrique Tenório Taveira, revogou o benefício do ex-parlamentar. Em janeiro, o benefício já tinha sido suspenso cautelarmente depois que circulou um vídeo que mostra Queiroz supostamente em um bar consumindo bebida alcoólica, falta considerada grave. O advogado do ex-deputado, Marcelo Leonardo, disse que vai recorrer.  


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