"Jamais concordei com as intolerâncias e injustiças contra a presidente.
Há cerca de duas semanas, no entanto, na companhia de correligionários em São Paulo, ele falou sobre o difícil cenário do governo. "Essa química explosiva de crises ética, moral, política, econômica e social acaba sendo sintetizado pela crise de credibilidade do governo que tem nos engessado. Estamos engessados só discutindo essas crises."
"Eu tenho visto pela internet, pelas redes sociais, convocações do dia 15 que nunca imaginaria ver, de empresários, profissionais liberais, de pessoas que nunca se meteram em política e estão convidando todo mundo. Pessoas de alta credibilidade, ou seja, as pessoas perderam a paciência", afirmou.
No encontro com tucanos, Perillo lembrou ainda das dificuldades econômicas do País e citou os protestos que estavam marcados para 15 de março. "A resposta (à atual situação) vem no dia 15 e certamente virá dois meses depois porque a situação vai se agravar cada vez mais e as pessoas perderam a paciência."
Reconhecimento
Na quinta-feira, em seu Estado, Perillo mudou o discurso e fez questão de afirmar que não faz oposição à presidente. "Sou de um partido que faz oposição à senhora, mas eu não.
Dias antes, porém, o governador havia dito que os prefeitos e governadores "não aguentam mais, 72% de tudo que se arrecada nesse país fica com o governo federal, só que todas as demandas da sociedade recaem sobre nossos ombros".
No Instituto FHC Perillo também avaliou a situação do PT e lembrou declaração do senador tucano Aloysio Nunes Ferreira de que não quer o impeachment, quer ver Dilma "sangrar". "Acho que o desfecho dessa vitória do PT, com todos os desdobramentos que a gente vê, vai significar - e daí o fato de o Aloysio (Nunes Ferreira) falar em sangramento, o fim da hegemonia do PT, não tenho dúvida sobre isso", disse o governador.
Ainda segundo Perillo, se o PSDB tivesse vencido as eleições, teria adotado a mesma política econômica - de ajuste fiscal - do governo e seria acusado pelos petistas de ser neoliberal. "Se nós tivéssemos vencido, eles estariam colocando o MST nas ruas contra a gente. Iam nos chamar de neoliberais. Eles teriam mentido e estariam passando por bons meninos hoje."
Em nota divulgada hoje, Perillo diz que suas declarações no Instituto FHC foram "respeitosas, sem agressões ou ataques pessoais à presidente" e não há incoerência em seu posicionamento. "No evento de ontem com a presença da presidente, condenei a intolerância e a hostilidade em nível geral, mas especificamente porque fui alvo de uma claque petista, composta por alguns radicais. Se sempre fui respeitoso, seria natural a recíproca em relação à minha pessoa."
O governador diz que defendeu a governabilidade "porque o País não pode parar". "As generalizações em nada contribuem.".