Se na década de 1980 o então presidente da República José Sarney (PMDB) era sinônimo de “crise”, a petista Dilma Rousseff segue pelo mesmo caminho. No início do segundo mandato, a presidente enfrenta uma tensão no relacionamento com o Legislativo e coleciona a perda de apoio de parte do PT e legendas da base aliada. A ponto de o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), devolver ao Palácio do Planalto medida provisória que tratava do pacote de arrocho fiscal. A justificativa? O sentimento de “abandono” por parte do governo. No início da semana, a bomba veio do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em entrevista à imprensa em São Paulo, disse que “a corrupção no Brasil não está no Poder Legislativo, está no poder Executivo”. Em tom de crítica, Cunha disse que não acusava o governo de conivência com a corrupção, mas por “problemas de governança”. A história recente do país mostra que ex-presidentes da República enfrentaram questões semelhantes, mas nenhum deles teve um embate direto com os comandos da Câmara e do Senado, que têm a tarefa de coordenar a agenda do governo no Legislativo.
Primeiro presidente civil depois de quase 21 anos de ditadura militar, José Sarney (PMDB) assumiu o Palácio do Planalto com a doença e morte de Tancredo Neves, eleito no ano anterior pelo colégio eleitoral.
O sucessor, Fernando Collor de Mello, chegou ao governo com a confortável colaboração do Judiciário e Legislativo, que aprovou a maioria de suas medidas. Mas a boa fase durou pouco, até que começaram os conflitos pela distribuição de cargos federais e reclamações de “arrogância” de seus ministros. As denúncias contra o governo Collor também não demoraram: entre as acusações, contratos sem licitação, favorecimento a empresas privadas e desvios de verbas públicas. Enquanto isso, a economia vivia uma grande crise em razão da volta da inflação, falta de crédito, queda nas vendas, desemprego, redução dos salários e o confisco da poupança. Na tentativa de ampliar o apoio político, Collor procurou partidos como o extinto PFL, PSDB e se dispôs a negociar com o Congresso.
Assim como Sarney, ele também foi alvo de uma CPI na Câmara dos Deputados. Partidos de oposição e entidades civis lançaram um Manifesto Democrático contra a Impunidade, enquanto crescia a defesa de renúncia do presidente. A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) encabeçaram um pedido de impeachement. Sondagens extraoficiais no Congresso davam conta que a situação política de Collor não era boa, além de ter uma base de apoio rachada e dissidências em vários partidos. Em 1º de setembro de 1992, o pedido de impeachment é entregue ao presidente da Câmara, Ibsen Pinheiro. Diante da tendência pelo afastamento definitivo do cargo, Collor renunciou, assumindo o vice, Itamar Franco.
Os Anões
Um dos primeiros atos de Itamar foi discutir um “pacto de governabilidade”. Em 8 de janeiro de 1993, Itamar reuniu os presidentes dos 19 partidos políticos registrados na época e fez um esforço para ampliar sua base com nomeações de ministros do PSDB e PT.
Em sua gestão, Fernando Henrique Cardoso perdeu votações importantes, como os projetos que criavam o redutor na aposentadoria dos servidores federais e a idade mínima para os benefícios do INSS. Mas teve outros aprovados, entre eles, a emenda à Constituição que permitiu o instituto da reeleição. Mas comemorou a aprovação das reformas administrativa e previdenciária. As vitória no Congresso, incluindo a aprovação de MPs, foram questionadas pela oposição..