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Estado de Minas

Oposição quer convocar Dirceu para depor na CPI da Petrobras

Novas revelações de empreiteiras envolvidas na Lava-Jato põem o ex-ministro da Casa Civil no centro do esquema de propinas. Deputados vão convocá-lo para depor em CPI


postado em 23/03/2015 06:00 / atualizado em 23/03/2015 07:31

Condenado no mensalão, o ex-ministro José Dirceu é suspeito de envolvimento na Lava-Jato(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Condenado no mensalão, o ex-ministro José Dirceu é suspeito de envolvimento na Lava-Jato (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Brasília – A oposição está decidida a pedir a convocação do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu na CPI da Petrobras e vê agora mais indícios para a solicitação na comissão que investiga o esquema de pagamentos de propinas na Petrobras. O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), quer colocar em votação amanhã o requerimento para ouvir o réu, além do tesoureiro do PT, João Vaccari, o senador Fernando Collor (PTB-AL) e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.


Segundo a oposição, o mais novo indício que reforçaria a necessidade de convocar José Dirceu, condenado a 10 anos no esquema de corrupção do mensalão, seria a revelação feita por empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras de que o ex-ministro recebia parte da propina paga ao PT, segundo reportagem publicada ontem pela Folha de S.Paulo. O presidente da UTC Engenharia, Ricardo Pessoa, preso em Curitiba, teria dito aos investigadores que os pagamentos eram descontados das comissões que a empresa devia ao esquema. Um representante da Camargo Corrêa, outra empresa sob suspeita, teria afirmado que decidiu contratar os serviços de consultoria de Dirceu por temer que a recusa prejudicasse seus negócios com a Petrobras, segundo a publicação. A defesa do ex-ministro José Dirceu negou as acusações.

Para Rubens Bueno, as novas informações atribuídas a Pessoa reforçam o pedido do partido para convocar Dirceu e Vacarri. “É uma triangulação criminosa”, afirmou. A base aliada promete resistir à tentativa de “diversionismo”, nas palavraS do deputado Afonso Florence (PT-BA). O petista diz que o foco da CPI deve ser convocar o doleiro Alberto Youssef, “nexo central” da Lava-Jato.


A empresa de Dirceu, a JD Consultoria, recebeu R$ 29 milhões de 60 clientes entre 2006 e 2013, sendo 35% de empreiteiras da Lava-Jato, como mostrou o Estado de Minas na quarta-feira passada. Somente as empreiteiras OAS, Engevix, UTC, Camargo Corrêa, Egesa, Galvão Engenharia, pagaram R$ 7,5 milhões, segundo o documento da Receita Federal, que tem 17 páginas dedicadas ao petista. O que chamou a atenção da força-tarefa responsável pelas 10 etapas da Operação Lava-Jato foi o aumento da prestação de serviços às empreiteiras suspeitas, especialmente, no ano eleitoral de 2010, em 2011 e 2012. Somente em 2010, a JD faturou R$ 2,44 milhões com contratos com a Delta Engenharia, OAS, Egesa, Engevix, Camargo Corrêa e Galvão Engenharia. E em 2012, outro ano de campanha eleitoral, empresas do mesmo grupo pagaram à consultoria de Dirceu R$ 3,06 milhões, ou seja, quase a metade do faturamento da JD naquele ano: R$ 7 milhões.

DESCONFIANÇA As suspeitas envolvendo as atividades do petista surgiram a partir da confirmação da existência de pagamentos a JD feito pela empresa Jam de Miltn Pascowitch, no valor de R$ 1,45 milhão. De acordo com o ex-gerente de Serviço da Petrobras Pedro Barusco, que está preso acusado de envolvimento no escândalo do desvio de recursos da estatal, Pascowitch era, na verdade, o responsável pelo recebimento da propina que se destinava ao PT paga pela empresa Engevix, também da carteira de clientes da empresa de consultoria de Dirceu. Essa e outras operações da JD levantaram suspeita no MP e da PF, que agora investigam se a empresa realmente prestou serviços de consultoria. A suspeita é que eram movimentações dissimuladas para encobrir dinheiro de propinas.

UM ANO DE OPERAÇÃO Operação Lava-Jato completou 1 ano na semana passado. Já foram 10 fases até o momento, e a Polícia Federal cumpriu mais de 350 mandados de prisão preventiva, temporária, busca e apreensão e condução coercitiva. Até o momento, 22 estão presas, sendo que a maior parte está na Superintendência da PF em Curitiba. Até agora, o Ministério Público Federal conseguiu a repatriação de R$ 139.666.471,17, que foram desviados por Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras.
O dinheiro estava em contas na Suíça. Mas a procuradoria quer a devolução de R$ 1,5 bilhão.

 

 


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